A Amnistia Internacional denunciou mais de 130 empresas chinesas por suposto comércio de equipamentos policiais que poderiam ser usados em ações de tortura e abusos de direitos humanos. Entre os instrumentos estão armas de choque, cassetetes com cravos de metal e cadeiras para contenção de suspeitos em interrogatórios.
Segundo a correspondente da BBC em Pequim, Celia Hatton, mais de 130 empresas estão envolvidas no negócio. Uma das empresas denunciadas, por si só, terá lucrado mais de 78 milhões de euros por ano fornecendo cassetetes eléctricos e algemas para dedos para 40 países da África.
Muitos destes produtos poderiam ser usados em acções policiais legítimas, mas terão sido fornecidos a nações com histórico de abusos de direitos humanos.
De acordo com o relatório, “China’s Trade in Tools of Torture and Repression“, estes equipamentos terão sido vendidos também a nações do sudeste da Ásia.
Uma porta-voz do governo chinês disse à Reuters que o relatório da Amnistia é de caracter duvidoso.
“Essa organização internacional é sempre tendenciosa contra a China e duvidamos da autenticidade do relatório que foi divulgado”.
Objectos de tortura
A Amnistia Internacional listou as três principais classes de objecto que classificou como “instrumentos de tortura moderna”.
A primeira é formada basicamente por cassetetes eléctricos que em teoria permitem aplicar choques em áreas sensíveis do corpo, como os genitais, a virilha ou as orelhas, sem deixar marcas das agressões.
A segunda são cassetetes com cravos de metal, fabricados apenas na China, que segundo o relatório seriam exportados para o Camboja e revendidos ao Nepal e à Tailândia.
A última classe é a das algemas de pernas, de pescoço e cadeiras de retenção.
Estes aparelhos são capazes de dificultar a respiração e a circulação sanguínea das vítimas. São alegadamente usados por forças policiais de diversos países, incluindo alguns com histórico de abusos de direitos humanos.
A Amnistia Internacional afirmou que todos estes equipamentos são abusivos e contrários aos padrões internacionais de respeito dos direitos humanos praticados por forças de segurança.
ZAP / BBC