Um novo estudo revelou que a esperança de vida humana está a aumentar a um ritmo mais lento do que no século XX. Isto sugere que pode mesmo haver um limite biológico para a longevidade humana e podemos estar a atingi-lo.
A esperança média de vida nos países desenvolvidos cresceu consideravelmente no século XX, com aumentos médios de três anos por década, num fenómeno chamado prolongamento radical da vida.
Contudo, recentemente, este crescimento tem abrandado.
Um estudo publicado esta segunda-feira, na Nature Aging, sugere que pode haver mesmo um limite biológico para a longevidade humana.
A ideia inicial que as pessoas nascidas no século XXI poderiam viver regularmente além dos 100 anos está a ser reconsiderada à luz de dados mais recentes, mesmo com os progressos constantes na saúde e condições de vida.
Como detalha a New Scientist, o estudo, liderado por investigadores da Universidade de Illinois (EUA) analisou dados de mortalidade de 1990 a 2019 em nove países desenvolvidos, concluindo que a esperança média de vida à nascença aumentou em média 6,5 anos neste período.
No entanto, o ritmo de aumento desacelerou notavelmente na última década, com os EUA a registarem os piores resultados.
Os investigadores preveem que a esperança de vida à nascença possa nunca ultrapassar os 84 anos para homens e 90 anos para mulheres, com apenas uma minoria dos recém-nascidos de hoje a atingir os 100 anos.
Estas conclusões contrariam as ideias recentemente adiantadas por investigadores como o português João Pedro de Magalhães, que assegura que o limite humano de idade é de 20.000 anos, ou o futurista Raymond Kurzweil, que diz que o primeiro homem que vai viver mil anos já nasceu.
O que dizem os especialistas?
Jan Vijg, do Albert Einstein College of Medicine (EUA), explicou à New Scientist que esta desaceleração se deve a uma aproximação a um limite biológico para o envelhecimento: “Há uma espécie de limite biológico que nos impede de envelhecer mais”.
Com outra visão sobre o assunto, Gerry McCartney, da Universidade de Glasgow (Escócia), sugere, à mesma revista, que a desaceleração pode estar mais relacionada com políticas sociais e cortes em serviços de saúde, que têm impacto direto nas condições de vida da população.
Michael Rose, da Universidade da Califórnia (EUA), contesta, por seu turno, a ideia de um limite fixo para a longevidade humana, argumentando que, com o investimento adequado em pesquisa anti-envelhecimento, poderíamos testemunhar um novo prolongamento radical da vida.
Por fim, o líder do novo estudo, S. Jay Olshansky, considera que, apesar de tudo, é positivo o facto de a a esperança de vida continuar a aumentar. “Devemos, naturalmente, celebrar o facto de podermos viver tanto tempo“.