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Chega mira descontentes nas fileiras do PSD e do CDS. Objetivo das autárquicas são os acordos pós-eleições

Nuno Afonso, vice-presidente do Chega, com André Ventura

Nuno Afonso revelou que o Chega já tem nomes para candidatos às autárquicas, alguns recrutados nas fileiras do PSD e do CDS. Só serão conhecidos depois do dia 6 de março, data em que o partido vai a votos para legitimar André Ventura.

O primeiro objetivo do partido é apresentar candidaturas a todos os 308 municípios. Apesar de não ambicionar ganhar câmaras, Nuno Afonso, vice-presidente do Chega, adianta que o partido tem a ambição de dobrar o PSD ara fazer acordos pós-autárquicos.

“Há muita gente insatisfeita nos partidos grandes, mesmo no PS. E o nosso espectro político é amplo: mais do que direitas e esquerdas somos um partido anti-sistema”, disse o dirigente ao Público, revelando que o Chega está de olho em vereadores, presidentes descontentes ou outros autarcas nas fileiras do PSD e do CDS – e que alguns já “deram frutos”.

André Ventura não será candidato, mas vai levar “às costas” alguns.

“Vamos apostar em bons candidatos nas zonas rurais, onde as pessoas conhecem os candidatos, e nos municípios maiores vamos viver como o partido tem vivido até agora: às costas do André Ventura e do que ele faz no Parlamento. É impossível dissociar a performance do André do partido. Nas zonas urbanas, a votação que temos será graças ao André, não propriamente ao candidato”, disse Nuno Afonso ao diário.

As coligações para outubro estão postas de lado, mas o Chega não descarta os independentes. “té podem ser cabeça de lista”, afirmou o vice-presidente, salvaguardando, porém, que “em todos os 308 concelhos o nome do Chega tem que estar no boletim de voto: os independentes podem integrar as nossas listas; nós não apoiaremos uma candidatura independente seja de pessoa ou movimento”.

Sobre o PSD, Nuno Afonso vincou que o Chega não precisa do partido de Rui Rio “para ir a eleições, muito menos para autárquicas e vamos provar isso daqui a meses”. O dirigente adiantou ainda que as eleições de outubro serão um teste para as legislativas, cujo intuito será averiguar a implantação no terreno e arranjar novos rostos.

A aposta do partido será maior nas zonas do país onde Ventura esteve melhor nas eleições presidenciais de janeiro: ou seja, na faixa interior de Norte a Sul e na área metropolitana de Lisboa . Sintra, Loures, Amadora. No pólo oposto está o Porto, que será “muito mais difícil”.

“Rui Moreira vai concorrer de novo, Nuno Cardoso vai como independente mas valerá 1 a 1,5% do eleitorado (que podia ir para nós e assim não vai); não sei qual a estratégia da IL e a Aliança deve apoiar o Moreira”, justificou Nuno Afonso.

“Governo deve ser o nosso objetivo”

O presidente demissionário do Chega apelou, esta segunda-feira, ao voto nas eleições diretas para a liderança do partido e traçou como objetivo “governar Portugal“, para efetuar as “mudanças” que o país “efetivamente” precisa.

“Nós devemos estabelecer novos objetivos e eu não tenho medo de vos dizer quais são: Nós devemos querer o Governo de Portugal”, disse André Ventura.

O presidente demissionário recordou no Alentejo que nos últimos dois anos o Chega “cresceu” e conseguiu “ameaçar os alicerces” do sistema político montado entre o PS e PSD.

“Nós conseguimos em dois anos tornarmos na terceira força política portuguesa, conseguimos ameaçar os alicerces, afastar todos os outros partidos, o CDS, o Bloco de Esquerda, o PAN e ameaçar os alicerces do sistema montado entre o Partido Socialista e o PSD”, afirmou. “Devemos querer mais a partir de agora, o Governo deve ser o nosso objetivo porque devemos querer fazer e poder fazer as mudanças que Portugal efetivamente precisa”, acrescentou.

Ventura, que considerou que PS e PSD “nunca” vão efetuar as reformas que o Chega defende para o país, alertou que chegou a hora de o partido traçar como objetivo governar para “dar voz à maioria silenciosa”.

“Durante anos governámos para uma minoria ruidosa, é tempo de dar voz à maioria silenciosa, à maioria que se mata a trabalhar de manhã à noite, à maioria que vê os filhos partir, à maioria que vê Portugal a empobrecer e a ficar atrás da Letónia e da Estónia, à maioria que vê os governantes cada vez mais corruptos e Portugal descer nos índices de corrupção, que vê afastados procuradores, polícias e juízes, é tempo de governar para estes”, defendeu.

André Ventura recordou que o Chega nos últimos dois anos conseguiu criar “quase tantas bases” como os maiores partidos, revelando que já foram atribuídos números de militantes “acima dos 26 mil” no partido.

Ao longo de um discurso com mais de 40 minutos, o presidente demissionário do Chega anunciou ainda que o partido espera concorrer a “todas” as câmaras municipais nas próximas eleições autárquicas.

Lamentou ainda que o sistema político esteja a trilhar um caminho que passa por “tentar ilegalizar o Chega”, considerando que esta situação transporta Portugal para uma “Venezuelização”.

O presidente demissionário do Chega entregou na quarta-feira à Mesa da Convenção Nacional do partido a sua recandidatura a líder em eleições diretas, entretanto marcadas para 6 de março, e subiu a parada para o objetivo de “governar Portugal”.

ZAP // Lusa

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