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ChatGPT já destrói empresas. Setor educativo é a primeira vítima

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A Chegg Inc., empresa que oferece serviços de apoio à educação, viu na passada semana as suas ações caírem para quase metade. Crescimento do ChatGPT está progressivamente a tornar a sua atividade obsoleta.

O ChatGPT começa a registar vítimas no mundo empresarial e os serviços de educação parecem ser os primeiros alvos.

Ao gerar rapidamente texto altamente aprimorado, a ferramenta grátis e de fácil acesso começa a ser a favorita dos estudantes para concluir tarefas escolares, face a uma lenta resposta humana oferecida pelos serviços de apoio à educação.

A Chegg, empresa que oferece serviços de apoio ao trabalho de casa e aluguer de manuais, serviu de exemplo e viu cair as suas ações em 47% na semana passada. Teme-se agora que o núcleo do negócio da empresa se extinga.

“No início deste ano não vimos nenhum impacto do Chat GPT”, confessa o CEO da empresa americana, Dan Rosensweig, que descreve uma mudança drástica registada há dois meses.

“Desde março, vimos um aumento significativo no interesse dos alunos no ChatGPT. Acreditamos que está a ter um impacto na nossa taxa de aumento de consumidores”, sublinha o CEO da empresa, fundada em 2005.

Esta quarta-feira, segundo o estrategista de negócios, Linas Beliunas, tanto as receitas líquidas como a margem de lucros da empresa americana caíram 92% quando comparadas ano a ano. Se as perdas continuarem a verificar-se, a empresa perderá, de acordo com a Reuters, 994 milhões de dólares em capitalização de mercado.

Segundo o Financial Times, o analista da Citigroup, Tom Singlehurst, afirma que o ChatGPT pode replicar completamente o serviço oferecido pela Chegg.

A empresa sediada na Califórnia anunciou recentemente o lançamento do seu próprio produto IA – CheggMate – destinado a ajudar alunos a fazer o trabalho de casa. O produto será construído em colaboração com a Open AI, que desenvolveu…o ChatGPT. Paira ainda, no entanto, a dúvida se esta ferramenta será suficiente para travar a queda da empresa.

O mesmo fenómeno começou a acontecer com a empresa rival da Chegg, Pearson PLC, cujas ações caíram cerca de 15% na semana passada. A quebra registou-se, ainda segundo o Financial Times, noutras plataformas de aprendizagem como a Duolingo (queda de 10%) e a Udemy (mais de 5%).

Apesar da quebra, o chefe executivo da Pearson, Andy Bird, acredita que o ChatGPT não representa uma ameaça, mas antes uma oportunidade lucrativa para a empresa, conta à Financial Times.

“O resultado obtido dos modelos IA geradores de texto depende da qualidade da informação que os alimenta, e nós temos informação muito rica e pura que nos permite obter melhores resultados quando inserida em modelos IA”, afirma Bird.

Em entrevista à CNBC, Rosensweig apontou algumas lacunas do ChatGPT, afirmando que o programa falha ao não apresentar respostas corretas e concretas, um problema descrito como ‘alucinação’ no mundo académico.

“Os estudantes não se podem enganar quando fazem o trabalho de casa ou quando aprendem coisas. O ChatGPT está constantemente errado e não vai estar correto tão cedo”, dispara o CEO da Chegg.

A revolução da inteligência artificial generativa promete facilitar a nossa vida em vários aspectos, mas também esconde muitos perigos — e alguns até fatais.

Tomás Guimarães, ZAP //

5 Comments

    • Acho curioso que nada disto indica que é devido ao chatGPT e nao devido a outros factores estranhos.

      Apesar de estes sistemas de inteligência conseguirem efectuar coisas semelhantes nao quer dizer que é o “culpado” por causa falências nos lucros.

      Eles comparam o inicio deste ano com os anos anteriores. Agora vamos lá ver. Os dois últimos anos nesta altura estavamos em isolamento covid. No último ja havia alguma liberdade mas aulas particulares ou semelhantes ainda tinham muitas restrições, principalmente em paises onde taxa de vacinação era mais baixa.

      Outro factor é o facto de as pessoas estarem mais tempo fechadas em casa e precisarem de passatempos (nem que sejam com o duolingo)

      Ora este ano não ha restrições. As pessoas estao a aproveitar os tempos livres para estar na rua. O ensino esta a ser totalmente presencial o que causa também menos dificuldades na aprendizagem logo a necessitarem menos destas plataformas.

      Outro factor é com o pico de inflação deste ano muitas famílias tiveram de fazer cortes em extras. Logo pagam menos servicos premium.

      O chatGPT não é o papão. Sim veio abanar o mercado completo… Mas nao consegue substituir estas ferramentas, nomeadamente o duoingo (ja que nao conheco a Chegg). E para quem usa o Duolingo sabe perfeitamente que a ferramenta nao é um simples tradutor mas uma forma interactiva de aprender… Algo que o chatGPT nao consegue fazer.

      Apontar dedos ao chatGPT é o mesmo que dizer que a inflação dos combustíveis deste ano é culpa dos carros elétricos.
      Pode haver influência… Mas nao é a causa principal

  1. Porque é tão dificil fazer o registo (Sign up) no site, é que não entendo. Mesmo seguindo todos os passos, apesar dum registo num site não ser nada de complicado, diz sempre “indisponível de momento”.

  2. Educação não é informação enciclopédica. Para além da dimensão crítica há a relação pedagógica, de pessoa para pessoa. A educação não é chegar ao fim, a um resultado, mas um processo de crescimento em que o mais importante é precisamente o processo. Qual dia dirão que as mães vão ser substituídas pela IA.

    • O Jaime acordou com vontade de filosofar… Desde quando é que a nossa escola educa? Essa agora! A nossa escola forma… e mal. Atualmente, a escola já nem formar consegue, quanto mais ter alguma pretensão de educar quem quer que seja.

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