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Cientistas encontram 15 cérebros de uma estranha criatura marinha

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(dr) Rebecca Gelernter

Impressão de artista de um exemplar de Kerygmachela kierkegaardi

Um grupo de cientistas do Reino Unido encontrou 15 cérebros fossilizados de uma insólita criatura marinha que viveu há cerca de 520 milhões de anos.

Os fósseis do “monstro marinho”, que viveu há cerca de 520 milhões de anos, foram encontrados congelados na Gronelândia. A investigação descobriu os cérebros e sistemas nervosos de 15 exemplares, pertencentes a uma das espécies ancestrais de aracnídeos e insetos.

Esta descoberta é fruto do trabalho de um grupo de cientistas do Reino Unido entre 2011 e 2016, em Sirius Passet, no norte da Gronelândia. Por mais que esta espécie já fosse conhecida e identificada, os novos fósseis revelaram informações inéditas.

O cérebro deste animal, conhecido como Kerygmachela kierkegaardi, tinha uma estrutura simples e era composto por um único segmento.

Esta característica faz com que o seu cérebro seja diferente do dos humanos e até dos seus “parentes artrópodes, como aranhas, gafanhotos ou borboletas”, cujo cérebro está dividido em três partes, frisou Jakob Vinther, investigador da Universidade de Bristol e autor principal do estudo publicado na revista Nature.

A descoberta tem importantes implicações, já que se trata de um dos mais antigos cérebros fossilizados encontrados, ajudando os cientistas a entender melhor os mecanismos da evolução.

​O Kerygmachela kierkegaardi tinha forma oval e media 25 centímetros. A sua cabeça tinha dois apêndices longos e ostentava uma cauda fina. Para se deslocar na água usava os seus onze pares de barbatanas.

Segundo Vinther e a sua equipa, as análises do cérebro desta espécie, um predador marinho, mudam a forma como vemos a evolução do nosso próprio cérebro. “Podemos chamá-los de elo perdido por conter características que existem em animais atuais, mas que não eram encontradas em fósseis mais antigos”, explicou.

O cérebro simples dos Kerygmachela kierkegaardi pode ter sido um fator chave para a sobrevivência da espécie durante a Explosão Cambriana, um período, há cerca de 541 milhões de anos, durante o qual uma enorme variedade de animais surgiu.

Antes disso, a maior parte dos organismos era simples, composta por células individuais e organizada em colónias. Tudo mudou nos 80 milhões de anos seguintes, quando a diversidade de formas de vida apareceu e configurou um quadro semelhante ao que existe hoje em dia.

Os cientistas acreditam que um grande “pico de oxigénio” foi o responsável pelo desenvolvimento de várias espécies, um evento que terminou há 488 milhões de anos, com o fenómeno da extinção do Cambriano Ordoviciano, ao qual este “monstro marinho” sobreviveu.

A primeira grande extinção em massa conhecida pode ter acontecido por dois motivos: queda brusca de oxigénio nos oceanos ou um período de glaciação na Terra.

3 Comments

  1. No artigo é dito que encontraram os cérebros fossilizados. É dito também que encontraram os cérebros congelados. Qual a versão correcta?

  2. O artigo também dá a entender que o organismo teria 15 cérebros. Afinal eram 15 indivíduos cada um com um cérebro. Mas, isto já não é ‘catchy’…

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