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CEO detido e grave crise de liquidez: filial de carros elétricos da Evergrande em colapso

Noel Celis / AFP

A filial de veículos elétricos da construtora chinesa Evergrande anunciou, esta segunda-feira, a detenção do diretor executivo Liu Yongzhuo pela polícia, pouco depois de ter suspendido a negociação das suas ações em bolsa.

Num comunicado à Bolsa de Valores de Hong Kong, a Evergrande NEV anunciou que Liu foi “colocado em detenção de acordo com a lei porque é suspeito de ter cometido crimes”, sem revelar mais detalhes.

A Evergrande NEV, que enfrenta uma grave crise de liquidez, tinha suspendido a negociação das suas ações durante a manhã antes da publicação de um “anúncio relativo a informações internas”. Após a retoma, no início da tarde, as ações da empresa caíram mais de 13%.

As ações da Evergrande NEV caíram quase 8% desde o início do ano, depois de ter passado o prazo para fechar a venda acordada de 27,5% das suas ações à NWTN dos Emirados Árabes Unidos, por cerca de 500 milhões de dólares (457 milhões de euros). Uma das condições impostas pela NWTN era que a Evergrande chegasse finalmente a um acordo para reestruturar a sua dívida, algo que ainda não aconteceu.

A empresa vai ter nova audiência em Hong Kong no dia 29 deste mês, depois de ter conseguido um inesperado sétimo adiamento em dezembro. No comunicado emitido a 1 de janeiro, a filial de veículos elétricos informou que vai continuar a negociar com a NWTN a possibilidade de retomar o referido acordo.

Depois de terem estado congeladas durante mais de um ano, as ações da Evergrande NEV voltaram a ser negociadas em Hong Kong no final de julho do ano passado, e desde então perderam 65,42% do seu valor. As ações estavam atualmente a ser negociadas a 0,42 dólares de Hong Kong (0,05 euros), muito longe do pico de 69 dólares de Hong Kong (8,08 euros) que atingiu em 2021.

A empresa, que até 2020 estava focada em serviços de saúde antes da aposta em carros elétricos, acumulou um valor de mercado de 86 mil milhões de dólares norte-americanos (11 mil milhões de euros) e o fundador do grupo, Xu Jiayin, disse em 2021 que o seu plano era reorientar a Evergrande para se concentrar neste setor na próxima década.

A Evergrande NEV divulgou uma perda combinada de quase 84 mil milhões de yuans (mais de 10 mil milhões de euros) entre 2021 e 2022, e no primeiro semestre de 2023 reduziu o seu resultado negativo para cerca de 7 mil milhões de yuans (947 milhões de euros).

O colapso do grupo Evergrande, uma das maiores construtoras da China, marcou o início da crise no setor imobiliário do país. O passivo da empresa ascende a 328 mil milhões de dólares (307 mil milhões de euros).

No final de setembro, a imprensa noticiou que o presidente da Evergrande, o bilionário Xu Jiayin, se encontrava em prisão domiciliária.

O grupo admitiu, entretanto, que Xu estava “sujeito a medidas coercivas devido a suspeitas de crime ou delito em violação da lei”, sem avançar mais detalhes sobre a natureza das alegadas infrações.

Focada no desenvolvimento e fabrico de veículos elétricos (VEs). A Evergrande NEV surgiu como uma aposta da Evergrande, inicialmente uma gigante do setor imobiliário, na crescente indústria dos VEs, em resposta ao aumento da consciencialização ambiental e das políticas de incentivo do governo chinês para veículos mais ecológicos — mas pouco correu bem.

Apesar de ter iniciado com ambições elevadas e planos para se tornar uma líder no mercado dos VEs, a Evergrande NEV enfrentou vários desafios, nomeadamente a crise financeira da sua empresa-mãe, a Evergrande Group, que sofreu com dívidas elevadas e problemas de liquidez.

ZAP // Lusa

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