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Centro de Dança do Porto dá bolsas a rapazes para incentivar bailarinos

Centro de Dança do Porto / Facebook

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O Centro de Dança do Porto (CDP) criou uma bolsa de mensalidade zero para incentivar rapazes a aprender ballet e atualmente acolhe 22 bailarinos, a maior parte dos quais selecionados em escolas básicas do concelho.

Eles apreciam, depois de começar desistem menos do que as meninas, são mais persistentes, falam em seguir carreira, já não são alvo de grandes preconceitos. Mas precisam do estímulo, admite a diretora, Teresa Vieira. Mesmo com um projeto desenvolvido em colaboração com a Câmara do Porto, os 22 rapazes do CDP são uma gota num oceano de quase 350 alunas.

“Aqui liberto as minhas energias, parece que estou livre. Danço, não estou com livros e cadernos e essas preocupações todas. Aqui só tenho preocupações pequeninas: dançar, mais nada“, explica Guilherme Catita, de dez anos.

Aluno do CDP há dois anos e meio, o menino tem já uma postura irrepreensível – as tais “costas direitíssimas, ombros para trás, pescoço comprido”, que a professora Ágata repete vezes sem conta durante a aula e quase serve de ritmo ao esforço dos rapazes. Ser bailarino é uma das possibilidades que Guilherme equaciona: “Sim, se calhar sigo essa carreira. Tenho outras hipóteses: gostava também de ser biólogo ou cineasta”.

Ainda ofegante por causa de uma aula onde lhe foram pedidas muitas “perninhas de rã”, Diogo Lopes, de 7 anos, está mais cheio de certezas: gosta das aulas e quer ser bailarino “mesmo a sério” porque gosta “muito de dançar”.

“Há oito anos que colaboramos com a Câmara no projeto Porto Criança. São oferecidas atividades nas escolas oficiais e uma delas é o ballet. Procuramos incentivar os meninos. Ainda há um estigma muito grande relativamente ao ballet para meninos”, sublinha a diretora da instituição que este ano celebra o 20º aniversário.

Apesar das dificuldades em cativar os rapazes para a dança clássica, as opiniões menos favoráveis à prática masculina parecem estar dissipadas.

“Fala-se por falar. Já não é aquele preconceito de que é só para as meninas. Ele está bem, na escola não sentiu diferença com os colegas, nunca disse que lhe disseram ‘então és bailarino?’. Pelo contrário, está a conversar com os amigos e a mostrar o que faz”, descreve Manuela Cardoso, mãe do Xavier Monteiro, de oito anos.

Desde outubro que o rapaz aprende ballet devido a uma bolsa. “Nunca teria dinheiro para pagar. Foi uma coisa boa”, explica a mãe.

As mensalidades variam entre os 35 euros de uma aula por semana no nível mais básico e os 87,50 euros para os estudantes “avançados do grupo II”, esclarece Teresa Vieira. “A bolsa é a mensalidade no total e não há nenhum rapaz que não tenha. Um ou dois vieram por eles. Os outros foram selecionados no projeto da Câmara”, acrescenta.

A escolha foi feita “nas escolas oficiais”, após nove meses de aulas para analisar “as capacidades físicas” dos rapazes, “a forma como enfrentam os desafios” e os “níveis expressivos e musicais”, descreve. Os bailarinos estão divididos em três turmas só de rapazes: os mais pequenos têm entre seis e sete anos, os “médios”, entre nove e 12, os mais velhos entre 16 e 26, explica a responsável.

No ano letivo de 2012-2013 foram atribuídas 15 novas bolsas pelo Centro de Dança do Porto “e os meninos mantiveram-se” congratula-se a diretora.

/Lusa

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