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Apesar das suspeitas de corrupção, Centeno segura inspetor-geral das Finanças

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Manuel de Almeida / Lusa

O ministro das Finanças, Mário Centeno

Pouca gente conhecia o nome de Vítor Braz até esta semana ter sido alvo de uma busca por parte do Ministério Público sob suspeita dos crimes de corrupção passiva, peculato e abuso de poder.

Mas o inspetor-geral de Finanças, um dos altos cargos da função pública, não foi, pelo menos para já, constituído arguido. “As provas recolhidas têm de ser analisadas, não fazia sentido avançar com a constituição de arguido antes”, explica uma fonte conhecedora do processo ao Expresso.

De acordo com o mesmo jornal, Mário Centeno não irá tomar nenhuma decisão relativa ao inspetor-geral. O ministro das Finanças enviou um ofício ao Ministério Público a pedir informação sobre o caso e, pelo menos até ter uma resposta, Vítor Braz irá manter-se no cargo.

Por agora, o ministério das Finanças não quer fazer comentários sobre a investigação. Aliás, nem Centeno nem o seu gabinete terão tido qualquer informação oficial sobre as buscas que decorreram no início da semana em vários locais.

Vítor Braz, que é membro do Conselho de Prevenção da Corrupção, é inspetor-geral desde 2015 e é suspeito de ter ocultado ou retido os resultados de uma auditoria da própria inspeção-geral das Finanças às contas e à gestão da Cruz Vermelha Portuguesa.

Segundo a mesma fonte, na auditoria feita em 2016 foram detetados indícios de irregularidades relacionadas com subvenções recebidas, contratações de pessoal e concursos lançados. Os indícios recolhidos pelos mais de 50 inspetores da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ, por seis procuradores do Ministério Público e por quatro auditores vão agora ser alvo de análises periciais.

Além de Vítor Braz, também a número dois da estrutura, Isabel Castelão Silva, foi alvo de buscas e está indiciada pelo mesmo tipo de crimes. O processo terá sido iniciado por uma denúncia interna. A auditoria, bastante crítica da gestão da Cruz Vermelha, não terá sido logo enviada ao Tribunal de Contas, como sugeriam os seus autores.

De acordo com o gabinete da Procuradoria-Geral da República, o processo “não tem arguidos” e que em causa está “o apuramento de responsabilidades individuais de dirigentes da administração pública com a missão do controlo financeiro e fiscal do Estado, incluindo uma instituição humanitária de utilidade pública e uma empresa privada”.

ZAP //

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