Os serviços municipais de Proteção Civil de Mirandela e Valpaços retiraram, esta terça-feira, do rio Rabaçal, em Trás-os-Montes, centenas de peixes mortos em circunstâncias que estão a ser investigadas pelas autoridades competentes.
O incidente é atribuído por populares a uma fábrica que labora na zona e que tem sido motivo de contestação também pelos fumos e nevoeiros que alegadamente estão na origem de frequentes acidentes em cadeia na estrada que liga Mirandela a Valpaços.
Os responsáveis pela fábrica rejeitam responsabilidades que vão agora ser apuradas pelas autoridades depois de feita a limpeza do rio, como indicou a coordenadora municipal da Proteção Civil de Mirandela, Maria Gouveia.
De acordo com a responsável, os serviços municipais foram alertados no domingo para a existência de peixes mortos junto ao açude da localidade Eixes e imediatamente deslocaram-se ao local.
Segundo relatou aos jornalistas, no local constataram que “havia uma nata muito espessa na superfície da água do rio e centenas de peixes mortos à superfície”.
No mesmo dia, os serviços municipais de Proteção Civil reuniram com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), GNR, serviços ambientais e Parque Natural Regional do Vale do Tua para articularem as medidas a tomar para resolver a situação.
“Logo no domingo tentámos procurar redes de pesca para conseguir conter os peixes caso houvesse uma descida dos peixes mortos para jusante. Também providenciámos logo imediatamente um contacto com os gestores das barragens a montante para que não efetuassem nenhuma descarga”, contou.
Com estas medidas preventivas conseguiram conter os peixes mortos e esta terça-feira procederam à remoção com recurso a redes de peixe.
Um camião de recolha de saneamento foi também usado para retirar a nata de uma possível descarga que ficou à superfície, numa operação conjunta dos serviços municipais de Proteção Civil de Mirandela e Valpaços.
“Trata-se de um acidente cuja origem está a ser apurada pela GNR e pela APA e que estamos a tentar corrigir no mais curto espaço de tempo”, afirmou Maria Gouveia.
A população residente na zona atribui a poluição a uma fábrica de extração de óleo de azeitona, não quer fechar a fábrica porque “dá muitos postos de trabalho”, mas reclama medidas, como afirmou um dos habitantes, Paulo Moreno.
Os responsáveis da fábrica não quiseram prestar declarações aos jornalistas, mas descartam qualquer intervenção “voluntária” neste acidente.
A mesma empresa tem sido alvo de contestação pelos fumos e nevoeiros que se acumulam na estrada que liga Mirandela, no distrito de Bragança, a Valpaços, no distrito de Vila Real.
Em março de 2019, a Câmara de Valpaços alertou para “o perigo” na Estrada Nacional 213 (EN213), que associa à origem de vários acidentes rodoviários que têm ocorrido naquela via.
Amílcar Almeida falou numa “parede de fumo e nevoeiro” que normalmente surge entre as 06h00 e as 10h00 e que “compromete indiscutivelmente a visibilidade, a segurança e o tráfego rodoviário”.
O autarca afirmou naquela ocasião que já expôs, sem resposta, a situação a várias entidades como a Infraestruturas de Portugal (IP), a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, Agência Portuguesa do Ambiente e Direção Regional de Economia.
// Lusa