Proprietário descobre cemitério ativo durante 700 anos enquanto renova a sua cave

Casa terá sido construída no local de uma capela medieval, que, por sua vez, foi construída sobre um antigo templo pagão. As sepulturas mais antigas encontradas na cave datam do século III d.C., período romano tardio.

Enquanto renovava a cave de sua casa, um proprietário de uma casa em Corbeil-Essonnes, um subúrbio do sul de Paris, tropeçou… num esqueleto.

O assustador acaso, que aconteceu no inverno passado, deu origem a uma escavação arqueológica oficial e acabou por revelar a presença de um cemitério usado durante cerca de 700 anos. Foram descobertas um total de 38 sepulturas, algumas das quais que remontam à época romana.

Inicialmente, pensava-se que o local, situado no bairro de Montconseil, continha apenas sepulturas do início da Idade Média, devido à sua proximidade de uma capela do século VII, Notre-Dame-des-Champs. No entanto, os arqueólogos da empresa francesa Archaeodunum, que efetuaram a escavação por conta das autoridades regionais, ficaram surpreendidos ao descobrir que a história do cemitério era muito mais antiga.

As sepulturas mais antigas datam do século III d.C., durante o período romano tardio, enquanto as mais recentes datam do século X, o que indica uma utilização contínua do cemitério ao longo de vários séculos.

Entre as 38 sepulturas, os arqueólogos encontraram 10 sarcófagos de gesso do período merovíngio, que se estendeu, aproximadamente, de 476 a 750 d.C.

Estas sepulturas eram diferentes: os sarcófagos estavam dispostos lado a lado em forma de leque, enquanto algumas estavam decoradas com motivos cristãos tradicionais, como rosetas e cruzes, muito comuns nos sarcófagos dessa época.

Embora outros cemitérios merovíngios contenham, por vezes, vários restos mortais por sepultura, a maioria dos sarcófagos deste sítio continha apenas um indivíduo.

Já as sepulturas da era romana eram mais rudimentares, com corpos enterrados em caixas de madeira que, entretanto, se deterioraram. Ao contrário das sepulturas merovíngias, estas estavam dispostas em filas paralelas.

A casa onde foi descoberto o cemitério terá sido construída no local da capela medieval, que, por sua vez, foi construída sobre um antigo templo pagão dedicado a uma nascente local. No entanto, não foram encontrados quaisquer vestígios físicos da capela, nem do templo. Segundo o Live Science, é a primeira vez que o cemitério associado à capela é objeto de um estudo aprofundado.

A próxima etapa da investigação consistirá na análise laboratorial dos esqueletos. Os investigadores pretendem determinar o sexo, a idade e as condições de vida dos indivíduos enterrados para saberem mais sobre a sua saúde, alimentação e qualidade de vida em geral e assim compreender melhor a população que viveu na zona durante a Antiguidade Tardia e o início da Idade Média, bem como a evolução das suas tradições funerárias ao longo do tempo.

Tomás Guimarães, ZAP //

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