Na PSP e na GNR, vai crescendo o descontentamento, com os profissionais a sentirem-se poucos valorizados. A mais recente causa disso é a actualização das tabelas de serviços remunerados que prevê aumentos superiores para cães e cavalos do que para os agentes.
Esta actualização dos serviços gratificados determina um aumento de 6 cêntimos por quatro horas de serviço para os agentes, enquanto que os serviços dos cavalos terão um acréscimo de 12 cêntimos e os dos cães de 9 cêntimos.
A situação reportada pelo Correio da Manhã (CM) é vista como “vergonhosa” e “inaceitável” por parte dos representantes sindicais das duas forças de autoridade.
“É a prova de que para o Comando da GNR e para o Governo os guardas são meros números. É um valor que não é aceitável, é irrisório e não há perspectivas para que isto mude”, lamenta o presidente da Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR), César Nogueira, em declarações ao CM.
Os agentes da PSP e da GNR dos postos mais baixos recebiam 6,79 euros por hora por serviços remunerados, sentindo-se indignados com a actualização de 6 cêntimos por 4 horas, até comparativamente com a subida atribuída aos serviços de cães e cavalos.
“É um aumento vergonhoso. Estamos a falar de serviços extraordinários, que vão para lá do normal horário de trabalho, com o valor por hora mais baixo em qualquer profissão. Demonstra a desvalorização dos recursos humanos da PSP que se tem registado nos últimos tempos. Tudo é mais importante que as pessoas”, lamenta o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, no CM.
O que indigna as duas forças de autoridade é que polícias e militares estão “em muitos casos a fazer segurança privada, a preços muito mais reduzidos do que seria pago a empresas privadas, como acontece nos estádios de futebol”, queixam-se os representantes das duas classes profissionais que citam o exemplo de um segurança no aeroporto que “recebe um suplemento de 100 euros por mês, enquanto um PSP recebe mais cinco euros”.
“Sem estes serviços remunerados não se viam polícias nas ruas e esta é a única forma de os elementos policiais conseguirem complementar os ordenados baixos“, alertam ainda os líderes das duas Associações que se queixam também de atrasos nos pagamentos.
PSP e GNR querem subsídio de risco
As duas estruturas sindicais da PSP e da GNR entregaram também uma carta ao primeiro-ministro, insistindo na atribuição de um subsídio de risco, justificado pelo aumento das agressões aos elementos das forças de segurança.
“Podemos perceber, pelos relatórios da Administração Interna, o aumento das agressões graves e muito graves aos profissionais da PSP e da GNR durante o desempenho da missão, mas também já se registam durante o tempo de descanso dos profissionais. Esta realidade envolve, em consequência, a própria família”, referem a ASPP e a APG na carta a que a Agência Lusa teve acesso e que foi entregue no Palácio de S. Bento.
“É neste seguimento que não percebemos que estes profissionais tenham sido confrontados com o não reconhecimento por parte do Parlamento da atribuição do subsídio de risco aos profissionais da PSP e das GNR”, referem.
A carta é acompanhada de um gráfico do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativo ao número de agressões graves, onde é visível o crescimento do número de elementos policiais agredidos entre 2015 e 2018.
Em 2015, foram registadas quase 550 agressões a elementos da PSP/GNR, enquanto em 2018 esse número ultrapassou as 950.
As estruturas sindicais das duas forças de segurança pedem ao primeiro-ministro uma “maior atenção sobre os problemas que os profissionais atravessam e que reconsidere a atribuição de um subsídio de risco”, à semelhança do que acontece na Polícia Judiciária.
ZAP // Lusa
Está visto que estou abaixo dos cavalos e caninos deste país.
Vcs é que têm as armas…