Já sabemos a causa das dores de cabeça quando se bebe vinho tinto

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Mahrael Boutros / Pexels

A culpa das dores de cabeça associadas ao consumo de vinho de tinto será da quercetina, uma substância que bloqueia o metabolismo do álcool.

Se gosta de saborear um Shiraz ou Chianti de vez em quando, pode estar familiarizado com a temida “dor de cabeça do vinho tinto”. Um novo estudo publicado na Scientific Reports descobriu a causa destas dores — um composto chamado quercetina, que perturba a capacidade do corpo de metabolizar o álcool.

A quercetina é um antioxidante encontrado em frutas e vegetais, incluindo cascas de uva, e algumas pessoas a tomam como suplemento pelos seus supostos benefícios para a saúde. No entanto, pelo menos em laboratório, os cientistas descobriram que ela inibe uma enzima chamada aldeído desidrogenase (ALDH), fundamental para o metabolismo do álcool no fígado.

O álcool no corpo é primeiro processado pela álcool desidrogenase (ADH), que o decompõe num composto tóxico chamado acetaldeído. A ALDH, então, rapidamente difunde essa toxina, transformando-a em algo que pode ser decomposto em água e dióxido de carbono. Mas se o que acontece em placas de laboratório também ocorrer no corpo, a quercetina pode causar a acumulação de acetaldeído. Os altos níveis dessa toxina no corpo podem causar rubor, dores de cabeça e náuseas.

Como o vinho tinto contém muito mais quercetina do que outras bebidas alcoólicas, os autores acreditam que este composto é a causa das dores de cabeça. “Quando a [quercetina] entra na corrente sanguínea, o corpo converte-a numa forma diferente chamada quercetina glucuronida. Nessa forma, ela bloqueia o metabolismo do álcool“, explica o co-autor do estudo Andrew Waterhouse, químico de vinhos na Universidade da Califórnia.

Os autores realizaram testes químicos específicos em laboratório usando amostras de quercetina e compostos relacionados, bem como uma enzima ALDH purificada. Após descobrir que a quercetina glucuronida inibe a ALDH, os autores estimaram que um copo padrão de vinho tinto resultaria teoricamente em níveis de quercetina glucuronida no sangue que poderiam inibir a ALDH em até 40%.

A quercetina é produzida quando as uvas são expostas à luz solar, então variedades que são cultivadas em diferentes regiões conterão quantidades diferentes do composto. A quantidade de contacto do vinho com as cascas de uva durante a fermentação, bem como a forma como é clarificado e envelhecido, também pode influenciar os níveis de quercetina, escreve o Live Science.

Para fazer vinho tinto, os vinicultores deixam as cascas de uva durante a fermentação, enquanto as removem ao fazer vinho branco; é por isso que o vinho tinto contém mais quercetina do que o branco.

Os autores planeam testar a sua hipótese num pequeno estudo humano, onde vão comparar as reações das pessoas a vinhos tintos com diferentes quantidades de quercetina, para ver se notam variações nas dores de cabeça.

ZAP //

1 Comment

  1. Desiludido.
    Ora bolas!… andávamos nós a pensar que isso só tinha a ver com a quantidade emborcada e o tempo da emborcação.
    Quer dizer então que, agora que sabemos, vamos ter que andar sempre à procura de vinho branco feito de uvas tintas, não é sr. cientista?!

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