Católicos zangados com Ventura. Organização da JMJ está “furiosa”

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António Pedro Santos / LUSA

André Ventura

Há uma “crescente incómodo” entre os católicos quanto à postura de André Ventura. O líder do Chega faz questão de mostrar que é católico, mas há quem o acuse de estar a usar a Igreja, sempre que “lhe convém” para “conquistar votos”.

As últimas declarações de Ventura a desagradarem alguns católicos foram feitas a propósito da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e deixaram a organização do evento católico “furiosa”, como reporta o Jornal i.

Elementos da JMJ acusam o líder do Chega de estar “a querer aproveitar-se da Jornada para retirar ganhos políticos“, como diz um elemento da organização em declarações ao Nascer do SOL que são citadas pelo i.

Em causa, estão palavras a propósito dos procedimentos de segurança da JMJ, nomeadamente em torno da inscrição dos participantes.

“Há dezenas de milhares de pessoas a tentarem inscrever-se, vindas, sobretudo, de zonas em conflito e de grande predominância de radicalização, com uma predominância muito grande no Paquistão. Estamos perante um risco de segurança muito significativo e, perante a possibilidade ou a tentativa, de estarem a entrar em Portugal, através da JMJ, não só grupos radicalizados como pessoas que podem não ter boas intenções”, apontou André Ventura em declarações aos jornalistas.

Um colaborador da JMJ confidenciou ao Jornal i que, no início do processo de inscrições na JMJ, houve “um número anormal de inscrições do Paquistão e do Congo“. Nessa altura, havia também “panfletos que circulavam nos dois países a sugerir a inscrição na JMJ como forma de chegar à Europa“, conforme apurou o i junto da organização do evento.

Mas esse caso fez “soar os alarmes” para o reforço dos procedimentos de segurança, garante o mesmo colaborador da JMJ.

“As Jornadas Mundiais de Juventude são uma organização já muito testada e, por isso, muitas destas situações já ocorreram no passado e foram-nos comunicadas atempadamente”, aponta ao i uma fonte do Sistema de Segurança Interna (SSI).

Secretas responderam às preocupações de Ventura

Entretanto, após as declarações de Ventura, o SSI emitiu um comunicado a salientar que, até ao momento, não foi identificada qualquer situação de risco no âmbito das inscrições para a JMJ, nomeadamente quanto a terrorismo, auxílio à imigração ilegal ou tráfico de seres humanos.

O SSI apontou ainda que todos os nacionais das áreas referidas “carecem de visto Schengen para entrada no espaço europeu e em território nacional”, sendo obrigados a cumprir critérios “específicos e rigorosos”.

O número de cidadãos paquistaneses que concluiu o processo de inscrição, até Junho passado, é de cerca de 7%, mas esta percentagem pode ainda ser reduzida em função da submissão do processo de emissão de visto e consultas de segurança, exemplificou o SSI.

“A segurança é levada muito a sério por todas as Forças e Serviços de Segurança que participam no quadro deste mega-evento, particularmente o SIS, SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras], PJ [Polícia Judiciária], PSP [Polícia de Segurança Pública], GNR [Guarda Nacional Republicana] e Polícia Marítima, entre outras”, vincou.

Ventura usa Igreja para “conquistar votos”

Mas, além desta situação envolvendo a JMJ, Ventura tem irritado os católicos noutras questões, a tal ponto que o Jornal i fala de “um incómodo crescente que o líder e o próprio partido Chega têm causado entre vários sectores”.

“O mal-estar tem a ver com a forma como o partido se louva dos seus pergaminhos de partido defensor da Igreja e depois age de acordo com as suas conveniências políticas, atropelando a Igreja Católica sempre que lhe convém”, destaca ainda a publicação.

O facto de Ventura ter chamado o presidente da Conferência Episcopal e o Cardeal Patriarca a prestarem declarações no Parlamento, no âmbito dos casos de abusos sexuais na Igreja, foi especialmente “incómodo” para alguns católicos.

“Foi a primeira vez em 50 anos de democracia que os deputados chamaram os bispos para prestar contas na Assembleia da República e logo por exigência de um líder partidário que se diz católico”, lamenta ao i uma fonte identificada como “um militante de um movimento católico conservador”.

Ventura é acusado de ser “oportunista” e de usar a Igreja para “conquistar votos quando lhe convém”, ignorando a instituição “sempre que isso lhe interessa”.

ZAP // Lusa

11 Comments

  1. excelente trabalho de promoção ao Partido Chega e então do elemento que fala mas que não dá a cara nem o nome, só se pode tirar uma conclusão: fala-se mal para destabilizar um partido, só porque sim e é moda falar mal do chega.

  2. Em vez de se preocuparem com os reais problemas, chateiam-se por alguém que aproveita-se, mas chama atenção de realidades que outros não têm coragem para as dizer.

  3. O Partido Chega (CH) é uma força política Judaica, e como tal, anti-Cristianismo, à semelhança da Igreja Católica em Portugal.

  4. Espera! Os católicos estão descontentes porque o partido chamou os bispos a depor por causa dos abusos sexuais? Incrível! Seria os culpas se mantivessem calados e não contestassem isso!

    Acho que temos muita gente que confunde religião com senso comum e ética!

  5. Já que se fala de Religião neste contexto ; e que quem se pretende Cristão , abra a Bíblia e leia (Mt -10: 34-39) . O Populista Ventura de certeza que conhece bem esse trecho Biblico !..

  6. Qualquer merdita serve para atacar o Chega. Acaba de sair uma sondagem aonde o Chega volta a crescer. O André Ventura sabe muito. Ainda acaba um dia a ganhar as eleições.

  7. Que o Ventura é um oportunista sem escrúpulos, não há novidade. Mas católicos chateados por um católico chamar as lideranças católicas ao parlamento? Isto mostra qual o pensamento “cristão” destes movimentos conservadores: não podemos ser questionados, não podemos ser responsabilizados, temos que manter a postura (nem que seja a do rei que vai nu).

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