Casa Branca de Trump telefonou a manifestante que invadiu o Capitólio. Ninguém sabe porquê

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A chamada durou apenas nove segundos e não se sabe qual foi o seu conteúdo. Um novo livro de um membro da comissão parlamentar que investiga o Capitólio revela detalhes de uma teia de chamadas sem explicação entre conselheiros de Trump e membros de milícias de extrema-direita.

Os registos telefónicos da Casa Branca revelam que às 16h34 de 6 de Janeiro de 2021, foi feita uma chamada de um telefone da residência oficial do Presidente dos Estados Unidos a um dos manifestantes que participou na invasão ao Capitólio.

A comunicação durou apenas nove segundos e ninguém sabe quem fez a chamada e porquê, mas sabe-se que foi atendida. As horas mostram que o telefonema foi feito pouco depois de Donald Trump ter publicado um vídeo nas redes sociais onde apelou a que os invasores do Capitólio fossem para casa, às 16h17.

Esta revelação foi feita pelo ex-congressista Republicano Denver Riggleman, numa entrevista ao programa 60 Minutes da CBS sobre o novo livro que vai lançar. Riggleman também foi um conselheiro do comité da Câmara dos Representantes que está a investigar o ataque de 6 de Janeiro.

A CNN avança mesmo com a identidade do protestante. Anton Lunyk, de 26 anos, é um apoiante de Trump de Brooklyn, em Nova Iorque, viajou para Washington na noite antes de 6 de Janeiro com dois amigos, Francis Connor e Antonio Ferrigno.

Os três amigos participaram no comício de Trump “Stop the Steal” tendo depois marchado para o Capitólio e participado na invasão ao edifício. Acabaram por ser apanhados e confessaram a participação no ataque em Abril, tendo sido condenados no início de Setembro.

De acordo com várias fontes próximas da investigação, Lunyk diz que não se lembra de ter recebido a chamada de nove segundos e afirma que não conhece ninguém que trabalhou na Casa Branca durante a administração Trump.

A chamada não foi referida em nenhum dos documentos sobre o caso de Lunyk nem foi mencionada na sua sentença.

Livro revela teia de telefonemas sem explicação

The Breach (A Fuga ou A Violação, em tradução livre) é nome do novo livro que já está a causar polémica depois de o comité ter denunciado que é um relato incompleto das descobertas da investigação, dado que Riggleman saiu do painel em Abril.

Mesmo assim, o livro revela detalhes até agora desconhecidos sobre os telefonemas feitos na Casa Branca nos dias antes e depois do ataque de 6 de Janeiro, assim como contactos entre conselheiros e apoiantes de Trump, como Roger Stone e Alex Jones.

Antes de 6 de Janeiro, a Casa Branca também telefonou a Bianca Gracia, presidente do grupo Latinos for Trump, que tem ligações próximas à milícia dos Proud Boys. Gracia foi alvo de investigações por parte do FBI por ter marcado presença numa reunião de organizações de extrema-direita na véspera de 6 de Janeiro de 2021.

No total, Gracia recebeu uma chamada da Casa Branca e telefonou ela própria aos números em questão quatro vezes. O comité continua sem saber qual foi o conteúdo ou o propósito das chamadas, escreve o The Guardian.

O livro também desvenda os bastidores do processo de investigação do comité, sendo que Roger Stone, consultor de Trump, foi um dos mais de 20 “alvos de alta prioridade”. O grupo teve grandes dificuldades na investigação devido à recusa de Stone de entregar voluntariamente os seus registos de contactos e chamadas.

Mesmo assim, os representantes construíram um mapa detalhado dos seus contactos depois de conseguirem os registos através da actriz Kristin Davis, que esteve com Stone na véspera e no próprio dia do ataque ao Capitólio e lhes revelou o número telefónico pessoal do consultor de Trump.

Depois de conseguirem o número de Stone, os membros do painel começaram a puxar os fios da teia: Stone ligou a Enrique Tarrio, líder nacional dos Proud Boys, antes e depois de 6 de Janeiro e também contactou Steward Rhodes, o líder dos Oath Keepers, outra milícia de extrema-direita, nove dias antes do ataque. Desde então que tanto Tarrio como Rhodes foram acusados de conspiração sediciosa.

O número de Stone também tinha ligações a outras figuras políticas Republicanas que terão participado no esforço de Trump para reverter a vitória de Joe Biden, como o procurador-geral do Texas, Ken Paxton e Arthur Schwartz, um conselheiro de Donald Trump Jr, filho mais velho do ex-Presidente.

Adriana Peixoto, ZAP //

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