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Carta de recomendação a pedófilo leva à queda do Governo da Islândia

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Johann / Wikimedia

Bjarni Benediktsson, primeiro-ministro da Islândia

Um escândalo, que envolve ligações entre um pedófilo e o pai do primeiro-ministro da Islândia, levou ao colapso da coligação parlamentar que sustentava o Governo do país.

Segundo a BBC, o partido islandês Futuro Radioso, que garantia a maioria do partido do primeiro-ministro Bjarni Benediktsson no poder, anunciou a decisão de se retirar do Governo, o que obrigou ao anúncio de eleições legislativas antecipadas.

O partido centrista diz que está em causa uma “séria quebra de confiança”, depois de ter sido tornado público que o pai do chefe do Governo tentou restaurar “a boa moralidade” de um pedófilo condenado e que Benediktsson terá tentado cobrir essas alegações.

A imprensa divulgou que o pai do primeiro-ministro, um dos homens mais ricos do país, assinou uma carta de recomendação para que Hjalti Sigurjón Hauksson, condenado em 2004 por violar a sua enteada durante 12 anos, tivesse a sua reputação restaurada.

Segundo o sistema penal islandês, pessoas condenadas por crimes violentos perdem a chamada “reputação ilibada”, condição para exercer certos cargos públicos ou profissões como, por exemplo, a advocacia.

Mas podem corrigir isso legalmente cinco anos depois do início da sentença, caso apresentem, entre outros documentos, cartas de recomendação feitas por pessoas consideradas “respeitadas e bem conhecidas”.

Esta é uma disposição legal muito controversa no país. Além disso, Benediktsson foi acusado de estar informado desde julho sobre a carta mas de tentar afastar as atenções.

“Boa vontade”

Em comunicado, o pai do primeiro-ministro desculpou-se por ter escrito a carta de recomendação para Hauksson, que é seu amigo, e contou que o condenado apresentou uma carta já escrita para que ele apenas assinasse.

“Nunca considerei a restauração da honra como nada além de um procedimento legal que tornava possível a criminosos condenados recuperarem alguns direitos civis. Não acho que é algo que justifique a posição de Hjalti com relação à sua vítima. Eu disse que ele deveria enfrentar os seus atos e arrepender-se deles”, afirmou.

“O que era para ser um pequeno gesto de boa vontade para com um criminoso condenado transformou-se na continuação da tragédia da sua vítima. Por isso, peço desculpas novamente”, continuou.

A ministra da Justiça já anunciou estar a preparar um projeto de reforma do sistema de restauração de honra (ou de reputação) como resposta a esta polémica, que acaba com o Governo em maioria mais breve na história política do país: apenas nove meses no poder.

ZAP // BBC

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