Miguel A. Lopes / EPA

José Luís Carneiro eleito secretário-geral do PS
José Luís Carneiro conseguiu mais de 95% dos votos, com abstenção superior a 50%. Quer ser oposição a um Governo que “ameaça”.
José Luís Carneiro é o novo secretário-geral do Partido Socialista (PS). Foi eleito líder do PS neste sábado, cargo ao qual concorreu sem opositores.
Na última atualização de resultados das eleições diretas do PS, numa altura em que estavam apurados 92% dos votos, Carneiro tinha cerca 95,4% dos votos, sendo 48,3% a taxa de participação.
Dos 17,1 mil votantes que participaram neste ato eleitoral, 16,3 mil votaram no antigo ministro da Administração Interna.
Na sexta-feira, os militantes do PS votaram em 15 das 21 federações do partido. No sábado foram às urnas os socialistas das restantes seis distritais: Açores, Algarve, Braga, Coimbra, Porto e Viseu.
O novo secretário-geral do PS assumiu o cargo com “honra e responsabilidade” e prometeu um partido de “valores e de princípios”, acreditando que as ideias socialistas “têm condições para continuarem a ser maioritárias no país”
“É a primeira vez que vos falo na qualidade de líder do Partido Socialista. A confiança em mim depositada pelos meus camaradas é uma honra e uma responsabilidade”, disse José Luís Carneiro na primeira intervenção após as diretas às quais foi candidato único.
O novo líder do PS, que sucede a Pedro Nuno Santos, disse: “O PS que, a partir de hoje, tenho a honra de liderar é um partido de valores e de princípios. Temos um passado que nos orgulha e uma vontade de futuro que nos une”, apontou.
“Um partido que defende radicalmente o Estado de direito, inconformado e reformista. Inconformado com a injustiça, a desigualdade e a pobreza e com o atraso em muitos fatores que fazem a nossa economia. Um partido aberto à sociedade e disponível para discutir e propor novas políticas. No fundo, um partido construível”, continuou.
Sem precipitações
José Luís Carneiro assegurou que o PS vai fazer um caminho “sem precipitações, sem tentações táticas e sem concentrar-se excessivamente em questões conjunturais”.
Criticou os “muitos partidos que têm a tentação de ceder à ‘política-espetáculo’, à vertigem do momento e de procurar vedetismo individual”.
Governo e Chega não foram esquecidos no discurso: “Tomam decisões precipitadas, exploram medos e receios, inflamam as emoções, desprezam a solidez necessária a conceção, execução e avaliação das boas políticas públicas. Caminham sempre na procura de benefícios imediatos. Esses políticos minam a nossa coesão social, tiram-nos enquanto sociedade o futuro que merecemos”.
Com o novo líder do PS, a postura será outra: “Esperem de mim uma postura diferente. Procuro ser uma pessoa ponderada. Procuro ser parte da construção de caminhos melhores para o país. Tenho dito que é preciso ouvir mais e dar mais voz à sociedade”.
Garantiu que será oposição a um Governo que tem falhado, segundo o deputado: “Parece que querem enfraquecer o Estado Social, parece que querem abrir o caminho a negócios com funções sociais, que abdica de uma política económica sólida, que não protege a investigação a ciência, que desvaloriza a inovação, ignora a cultura, confunde a reforma do Estado com o enfraquecimento do Estado. O PS usará todos os instrumentos de fiscalização para se opor a medidas erradas, injustas ou ineficazes.”
Unidade
De tarde, quando foi votar em Baião, considerou que a mobilização dos militantes tem sido um sinal da unidade do partido.
“Há uma grande unidade do partido na sua mobilização para legitimar a minha liderança, não apenas na forma como estão a participar, mas também porque as votações têm sido muito expressivas”, referiu, em declarações à agência Lusa.
Anotou, também, que em todas as federações o apoio está sempre acima dos 90% das manifestações de apoio, o que é em si muito significativo”, reforçou.
Convenção autárquica
O novo líder socialista, José Luís Carneiro, anunciou que o PS vai realizar uma Convenção Autárquica para que os candidatos se vinculem aos valores da liberdade, igualdade e solidariedade, prometendo candidaturas com princípios de integridade e transparência.
“Nos próximos meses, o país político vai estar concentrado nas eleições autárquicas. Foi como autarca que comecei a minha vida política. É no poder local democrático que mais se sentem os valores da liberdade, da igualdade e da justiça”, apontou.
José Luís Carneiro anunciou que “no fim de agosto, início de setembro”, o PS vai “realizar uma importante Convenção Autárquica” para que os “candidatos assumam a sua vinculação aos valores da liberdade, da igualdade e da solidariedade”.
“As suas candidaturas obedecerão a princípios de integridade, transparência e prestação de contas. Acredito que os eleitores, nas suas terras, vilas e cidades, escolherão os projetos do progresso e derrotarão os projetos populistas e conservadores”, disse.
Por sua vez, o presidente do PS, Carlos César, vai convocar a Comissão Nacional do partido para o próximo sábado, dia 5 de julho, para aprovação de alterações ao Secretariado Nacional do PS, o órgão de direção executiva desta força política.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai receber em audiência, na terça-feira, pelas 15:00, no Palácio de Belém, o novo secretário-geral do PS, José Luís Carneiro.
José Luís Carneiro, entre outras funções, foi presidente da Câmara de Baião, ministro da Administração Interna e secretário de Estado das Comunidades Portugueses em executivos socialistas liderados por António Costa.
ZAP // Lusa
Dr. Carneiro, para que o PS colabore com o governo PPD, por favor, exija que regulamentem a Lei da Eutanásia já!