Carlos Costa acusa António Costa de pressão para não afastar Isabel dos Santos do BIC. PM vai processar

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ZAP // Tiago Petinga, Mário Cruz / Lusa

Carlos Costa, António Costa

O ex-governador do Banco de Portugal afirma que Costa o pressionou a não afastar Isabel dos Santos da administração do BIC e terá dito que “não se pode tratar mal” a filha do Presidente de Angola.

No seu novo livro “O Governador“, o ex-governador do Banco de Portugal relata alguns dos momentos mais marcantes dos seus dois mandatos. Uma das revelações mais surpreendentes feitas por Carlos Costa envolve uma alegada pressão de António Costa.

Carlos Costa terá querido afastar Isabel dos Santos e o seu sócio, Fernando Teles, da administração do BIC — banco onde tinham uma participação de 20% — de forma a que o mercado não entendesse que o banco estava associado ao BIC Angola.

As razões de Carlos Costa prendiam-se com o facto de Isabel dos Santos ser uma “pessoa politicamente exposta por ser filha do presidente de Angola e por existirem fortes indícios de que fora favorecida pela plutocracia do MPLA”, já que “a acionista de referência de várias das principais empresas” angolanas.

“A reação do Banco de Portugal prendeu-se única e exclusivamente com as informações que os bancos começaram a passar ao supervisor e à Unidade de Informação da Polícia Judiciária e ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) sobre transferências suspeitas de Isabel dos Santos, dos seus irmãos e de outros representantes da plutocracia de Luanda”, lê-se no livro, citado pelo Observador.

Isabel dos Santos não gostou da recomendação, tendo-se refugiado na lei portuguesa, dizendo que nada a impedia legalmente de ser administradora do BIC e que estava ser discriminada por ser angolana. No entanto, Carlos Costa recusou mudar de ideias e ter-lhe-á lembrado que a “influência da plutocracia que reinava em Luanda não chegava ao Banco de Portugal”.

A filha de José Eduardo dos Santos terá feito queixa a vários rostos políticos portugueses, incluindo António Costa. O primeiro-ministro terá dito a Carlos Costa: “Não se pode tratar mal a filha do Presidente de um país amigo de Portugal“.

“Certo é que nem a pressão de António Costa, nem a de outros protagonistas da vida política portuguesa resultaram. Carlos Costa manteve a sua rota e Isabel dos Santos e Fernando Teles foram mesmo substituídos”, refere o livro.

PM vai processar Carlos Costa

O primeiro-ministro admitiu esta quinta-feira processar o ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa por ofensa à sua honra, depois de o antecessor de Mário Centeno dizer que foi pressionado para não retirar Isabel dos Santos do BIC.

Esta posição foi transmitida por António Costa aos jornalistas, à entrada para a reuniã da Comissão Política do PS, depois de confrontado com o teor de um livro do ex-governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

“A única coisa que eu posso dizer é que, como é sabido, através do Observador, foram proferidas pelo doutor Carlos Costa declarações que são ofensivas da minha honra, do meu bom nome e da minha consideração”, declarou o líder socialista.

O líder do executivo disse que contactou Carlos Costa e o ex-governador do Banco de Portugal “não se retratou nem pediu desculpas”.

“E, portanto, constituí como meu advogado o doutor Manuel Magalhães e Silva, que adoptará os procedimentos adequados contra o doutor Carlos Costa, para defesa do meu bom nome, da minha honra e consideração. É a justiça também a funcionar”, acrescentou.

O livro é lançado na próxima semana, dia 15 de Novembro, na Fundação Calouste Gulbenkian.

ZAP // Lusa

18 Comments

    • Também é legítimo pensar que o Costa ex-governador do BdP, ressabiado por não ter sido reconduzido, inventou esta trapaça.
      Vamos ver o que provas apresentará em tribunal…

      • As notícias de hoje acho que desmentem por completo a sua teoria. Mas pronto, era mais uma teoria… de quem anda mesmo muito distraído… ó égua…

    • Nem mais! Aliás são tão amigos tão amigos que oferecem umas ”coisinhas” uns aos outros. O de Montalegre com a mulher quase a secretária de Estado, ofereceu ao Costa um casaquinho com pelinho quentinho e, entrementes a mulher por pouco ia sendo secretária de Estado. Ela, também ”trabalhou” sem pôr os pés no trabalhinho com dinheiro daquele fácil de ganhar para quem souber como esta cambada – , fundos europeus!!!

  1. Ainda continuam a tratar-se uns aos outros por doutores, quando sao simplesmente licenciados?
    Quando é que esta prática terceiro mundista acaba?

    • ‘O vocábulo doutor/dr. não tem o mesmo significado nas várias línguas. Assim, em Francês, além de significar aquele/a que fez um doutoramento, é, também, sinónimo de médico. Mas em Portugal e Brasil, não. Nestes países, doutor significa que se doutorou, isto é, que tem o grau de doutor. Os apenas licenciados, como os licenciados em Medicina, em Farmácia, Filosofia, etc., são também doutores. A diferença está no seguinte; para os doutorados, doutor é um grau académico; para os licenciados doutor é um título. Julgo que na Itália se dá coisa semelhante.

      Na linguagem escrita, há quem distinga o doutorado, escrevendo doutor (com todas as letras); e para o licenciado, dr. (em abreviatura).

      Quando o doutorado é professor universitário, costuma-se, às vezes, distingui-lo com o tratamento de professor doutor . Tem que ver com questões culturais. Ao contrário dos países anglo-saxónicos, bem mais pragmáticos (ou democráticos?), o grau académico em Portugal, por exemplo, é quase um título distintivo. 

      José Neves Henriques./José Mário Costa 1 de janeiro de 1997’

      in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/doutor-dr-e-licenciado/179

    • Pois o problema jà vem dos tempos mais recuados da Historia do nosso Portugalito ; en muitas Zonas do Interior ainda à uns 70 Anos atrás na Aldeia , quem tivesse a quarta classe era o Sr.”Doutor Regedor da Freguesia” , nos tempos mais contemporâneos , esse ( vicio) ainda persiste em muitas Corporações ! … como se costumava dizer (Portugal o Pais de Dr’s.) .

    • O António Costa?! Claro que não. Já reparou na quantidade de vezes que este Primeiro-Ministro já mentiu ao povo?!! Tem por andado por cá?! Acordado e sóbrio?!!

  2. Esteve no Banco de Portugal desde 2010. Não vejo a comentar o que disse o tão ilustre economista Cavaco Silva quando veio dizer aos Portugueses que podiam confiar no Banco Espirito Santo
    Vejam o que deu. Nunca o vi retratar na praça publica

    • O mestre de Boliqueime é mais protegido.
      Essas declarações deviam ter-lhe valido um processo de destituição ( impeachment como dizem os anglo-saxónicos) porque contribuíu para o desastre de muitas famílias.
      Mas em Portugal isso seria impensável!
      Aliás. nem percebo por que razão nenhum dos lesados o processou.

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