Carlos César volta a pedir ao Governo que taxe lucros extraordinários das empresas

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Manuel de Almeida / Lusa

O presidente do PS, Carlos César

Dois dias após António Costa ter anunciado as medidas de apoio às famílias para combater os efeitos do aumento da inflação, o presidente do Partido Socialista (PS), Carlos César, voltou a propor que as empresas com lucros extraordinários devido à crise sejam taxadas.

“Temos de continuar a ajudar as empresas mais fragilizadas, essa também é uma prioridade, incluindo a nível fiscal. Temos de convocar, na forma que o governo melhor entender, e isso já estará identificado, a responsabilidade social e a contribuição das empresas que mais têm beneficiado. Isso não é só justo como é necessário”, disse.

“É importante que esse sinal seja dado, não só pela arrecadação correspondente, mas pelo sinal político que isso representa para a esmagadora maioria das empresas portuguesas. Não pode haver empresas que lucram fabulosamente com a desgraça e insatisfação dos outros”, declarou na quarta-feira, na sessão de abertura da Academia Socialista, na Batalha, citado pelo Expresso.

No último mês, Carlos César afirmou que era “necessário ir mais além” no reforço dos apoios às famílias e empresas e contra os “que lucram com a crise inflacionária”.

“Com maior ou menor inflação, o que nos cabe fazer com esta maioria é continuar a ajudar quem precisa, continuar a encorajar quem desanima, apoiar quem empreende e cumprir compromissos”, disse. Resumidamente, “olhar o presente do país sem tirar os olhos do futuro”, concluiu.

Defendendo o pacote apresentado pelo primeiro-ministro, que o Governo disse custar 2400 milhões de euros, Carlos César pediu que se reavalie “em permanência as disfunções e os desequilíbrios que entretanto foram ocorrendo”, afirmando ainda que não houve “truques de ilusionismo” na atualização e antecipação das pensões.

“Não se brinca com o Orçamento, embora a nossa prioridade sejam as pessoas”, referiu, indicando que é preciso respeitar as metas traçadas pelo ministro das Finanças e a intenção de garantir que a dívida portuguesa continuará a diminuir.

Embora tenha considerado que o pacote de medidas é “ousado no contexto português”, afirmou que é preciso mais e que o Governo terá “obrigatoriamente, de proceder no futuro”. “A verdade é que a tudo isso poderão ainda somar as medidas e os apoios que resultarão do Orçamento do Estado para 2023”, frisou.

No mesmo encontro, e ainda a propósito do pacote, Carlos César criticou o PSD por ter sido o primeiro a entregar “um pacotinho de medidas”. “O que eles nos podem ensinar hoje, nós já conhecemos do passado e isso não constitui um ensinamento útil”, referiu, apelidando o líder social-democrata, Luís Montenegro, de caloiro que “ainda não estudou o que se está a passar”.

No arranque da iniciativa, sem dizer o nome de Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República, Carlos César pediu ao PS que não coloque “o carro à frente dos bois”. “O aviso é este: não é colocando, como às vezes vejo, por exemplo, no caso das eleições presidenciais, o carro à frente dos bois que ultrapassaremos com êxito essas sucessivas eleições”, disse.

Declarou ainda que é preciso olhar para o calendário eleitoral: “para o ano na Madeira, no ano seguinte as eleições regionais dos Açores e do Parlamento Europeu. A seguir, ainda em 2025, as eleições para as autarquias locais. E em 2026, antes ainda antes das eleições legislativas nacionais, teremos as eleições presidenciais”.

Taísa Pagno //

4 Comments

  1. Tem piada que como resposta à necessidade de ajuda às famílias, o Governo opte por ‘taxar’ (empresas) em vez de ‘aliviar’ (a carga fiscal das famílias).

    E os patetas a ver…

    • Falava do Passos e, sem a Troika cá, tem o maior volume de impostos de sempre. E não há meio de os baixar . Vamos esperando sentados.

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