Este domingo, as autoridades mexicanas capturaram José Antonio Yépez Ortiz, um dos criminosos mais procurados do país.
Forças militares capturaram no domingo José Antonio Yépez, apelidado de “El Marro“, líder de um poderoso cartel dedicado ao tráfico de combustível e um dos criminosos mais procurados no México.
Segundo a imprensa local, foram usados drones na captura de “El Marro”, para seguir os seus movimentos no município de Santa Cruz, em Guanajuato, onde foi realizada uma operação da Secretaria da Defesa e da Procuradoria do Estado.
“Na madrugada foi detido José Antonio Yépez, chefe do cartel de Santa Rosa de Lima (…) Esta detenção é muito importante“, enfatizou o Presidente Andrés Manuel López Obrador, num vídeo transmitido nas redes sociais.
Espera-se que Yépez seja transferido para uma prisão de segurança máxima no estado do México, onde será apresentado a um juiz federal que ordenou a sua captura por “crime organizado e roubo de combustível”, detalhou a secretaria de Segurança. Juntamente com o chefe do cartel foram detidos oito homens e resgatada uma mulher que tinha sido sequestrada.
O cerco a Yépez apertou-se nos últimos meses. A 24 de julho foi detido José Guadalupe, “El Mamey”, um dos seus subordinados. Nesse mês, as autoridades tinham capturado 30 integrantes deste cartel do crime, entre eles a mãe e a irmã de “El Marro”, que na ocasião divulgou um vídeo protestando contra as detenções.
As duas mulheres, que afirmaram ter sido torturadas, foram liberadas dias depois.
Combate ao “huachicol”
Yépez forjou nos últimos três anos um poderoso grupo criminoso dedicado essencialmente a perfurar oleodutos que transportam combustível para depois ser vendido no mercado negro. O roubo de combustível representa para a estatal Petróleos Mexicanos perdas anuais de 3 mil milhões de dólares.
O atual governo tem assegurado que este crime está em declínio, graças a operações contra as quadrilhas dedicadas ao “huachicol”, como é chamado popularmente o combustível roubado.
Ao assumir a Presidência, em dezembro de 2018, López Obrador orientou a sua política de segurança para combater principalmente este crime, já equiparado com o tráfico de drogas. “Como foi que cresceu tanto este cartel a tal grau que Guanajuato se tornou o estado mais violento do país?“, questionou López Obrador.
Tudo resultou, acrescentou, da “corrupção” e das “cumplicidades” de criminosos com autoridades locais.
No final de 2018, para combater este crime, López Obrador lançou uma estratégia que consistiu principalmente em deter a passagem do combustível por oleodutos para distribuí-lo por outros meios, o que se traduziu em escassez de combustíveis, que durou cerca de duas semanas.
Fracisco Rivas, especialista em segurança e diretor da organização Observatório Cidadão, disse à AFP que a captura de Yépez é algo positivo, mas agora será preciso ver se foi “construída de tal forma que não haja uma reação do cartel que propicie mais violência”.
“Para que se consolide como uma vitória da estratégia de López Obrador, também é necessário que se consiga desarticular as capacidades do cartel, que Yépez informe de todas as suas atividades, das suas redes de corrupção”, acrescentou. Yépez mantém um perfil discreto e da sua vida pessoal sabe-se apenas que os seus familiares participam no cartel, com o nome da comunidade onde nasceu, Santa Rosa de Lima.
Segundo a imprensa local, “El Marro” subornava tanto os efetivos de segurança quanto funcionários da Pemex. É descrito como um homem violento, que teria matado com as próprias mãos alguns dos seus rivais.
A violência em Guanajuato recrudesceu pela disputa deste cartel com o de Jalisco Nova Geração, que explora tanto o tráfico de drogas quanto o de combustível.
Um dos episódios mais violentos ocorreu a 1 de julho, quando homens armados invadiram o centro de reabilitação para dependentes químicos em Irapuato e mataram 27 pessoas. Uma importante rede de oleodutos passa por Guanajuato e, neste estado, a cidade de Salamanca abriga uma refinaria.
Desde dezembro de 2006, quando o governo da época lançou uma operação militar antidrogas, até julho passado foram registados cerca de 293.000 assassinatos no México, segundo dados oficiais que não detalham quantos casos estariam ligados ao crime organizado.
ZAP // Lusa