Capacidade do centro de acolhimento de migrantes de Lampedusa vai ser aumentada

O Centro de Acolhimento de Emergência de Lampedusa (conhecido como ‘hotspot’), a pequena ilha italiana ao largo da Sicília que recebe milhares de migrantes por ano, vai passar a poder acomodar 132 pessoas, quando neste momento a capacidade máxima é para 96.

Segundo noticiou na quarta-feira o Expresso, embora esta seja uma boa notícia, representa um desvio da abordagem que defendem as organizações não-governamentais (ONGs), que já criticaram as condições de vida no centro.

Entre as condições apontadas pelas ONGs constam a falta água para os banhos, de espaço para as pessoas dormirem e de privacidade para mulheres e crianças, bem como as infiltrações. Mas o maior problema é de base e não se resolve com aumento do espaço.

De acordo com o La Sicilia, até março do próximo ano o ‘hotspot’ de Lampedusa terá os 132 lugares, incluindo uma área para menores não acompanhados. E, quando todas as obras estiverem concluídas (ainda não há data), terá 439 vagas no total, com uma área dedicada às famílias.

A promessa foi feita pela ministra do Interior, Luciana Lamorgese, que sublinhou estar “sempre” atenta ao que se passa em Lampedusa. Citada pelo jornal, disse que o seu Ministério “solicitou velocidade máxima para a requalificação”.

Neste momento o centro abriga 48 pessoas, das quais 41 são homens e sete mulheres: 38 tunisinos, quatro egípcios e seis mulheres da Costa do Marfim, que sobreviveram ao naufrágio da noite entre 06 e 07 de outubro e que vão ser transferidas em breve para outros centros na Sicília onde darão início ao processo de regularização da sua situação.

Como referiu o Expresso, quem trabalha todos os dias com migrantes em Lampedusa não pode dizer que o aumento da capacidade do centro é uma coisa má, mas frisaram, em diversas publicações nas suas redes sociais durante esta quarta-feira, que só a velocidade de transferência e a melhoria constante dos serviços legais que permitem aos requerentes de proteção internacional conseguirem papéis podem melhorar a situação.

Yasha Maccanico, italiano residente no Reino Unido e voluntário na integração de migrantes, partilhou no Facebook a sua frustração: “Eles não querem entender que o problema não é a capacidade, mas a desumanização das pessoas. Encaixar pessoas em condições degradantes não resolve e multiplica os abusos, mas para os Estados-membros significa ordem e controlo. É assim que a barbárie racista e o poder autoritário são disfarçados à medida que as políticas de imigração se normalizam”.

ZAP //

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