Candidatura presidencial de Ana Gomes “seria oportunismo de circunstância”

O antigo líder bloquista Francisco Louçã considerou que uma eventual candidatura de Ana Gomes seria “oportunismo de circunstância”, afastando qualquer apoio à antiga eurodeputada socialista.

“Ana Gomes tem denunciado desde há muito tempo alguns crimes financeiros. Tenho muito apreço por isso. Ainda estamos a um ano das eleições presidenciais”, começou por dizer Francisco Louçã, que é visto nas fileiras do Bloco de Esquerda como potencial candidato presidencial, em entrevista ao jornal Público e à Rádio Renascença.

“A conexão entre uma coisa [o Luanda Leaks] e outra [candidatura presidencial] seria oportunismo de circunstância e deve ser evitado. Percebo que aqui há um problema especial para o PS. Sendo um segredo de polichinelo que o PS assentaria com a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa, isso [eventual candidatura de Ana Gomes] cria um incómodo em alguns sectores do PS. [Ana Gomes] disse que não seria candidata, sugeriu até um candidato, Sampaio da Nóvoa”, disse.

Sobre a eleição presidencial de 2021, Francisco Louçã disse ainda não saber se o Bloco definirá um candidato, mas disse que existem no partido candidaturas muito fortes.

“Não sei o que o BE definirá, mas no campo político do BE há obviamente candidaturas muito fortes. Marisa Matias foi a terceira candidata mais votada, a mulher mais votada até agora. É uma figura extraordinária na capacidade de juntar, de representar desde os cuidadores informais à luta contra a precariedade”, recordou.

Ana Gomes, recorde-se, já disse que não se pretende candidatar nas próximas presidenciais. “Acho mais importante ter hoje liberdade de dizer o que digo de forma sustentada”, disse à RTP em 22 de janeiro.

Tensão interna no PS

Francisco Louçã considerou ainda que as negociações do Orçamento do Estado para 2020 estão paralisadas devido à tensão entre o primeiro-ministro e o ministro das Finanças.

“O problema do Governo neste OE – não só por não o ter querido negociar com os antigos parceiros – é estar hoje mais dominado pela tensão interna entre S. Bento e o Terreiro do Paço sobre questões muito decisivas, o que paralisa a sua capacidade de negociar. Se um [António Costa] quer vender o Novo Banco, o preço que isso implica para o ministro das Finanças é o fim do superavit com o qual Mário Centeno, ao despedir-se do Governo no próximo Verão, quer consagrar o seu período”, considerou, dizendo acreditar que Mário Centeno deixará o Governo antes do fim da legislatura.

Ainda sobre Centeno, Francisco Louçã considerou que o governante tem “perfil”, “capacidade” e até parece ter “vontade” para assumir eventualmente o Banco de Portugal.

ZAP //

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