A ativista franco-palestiniana Rima Hassan, de 32 anos, sétima na lista da coligação de esquerda França Insubmissa, LFI, foi esta terça-feira interrogada pela polícia de Paris, no âmbito da investigação sobre “apologia do terrorismo”.
“Correu tudo muito bem”, disse Rima Hassan à imprensa, sorridente, após duas horas de audição.
À saída das instalações da polícia judiciária, várias centenas de apoiantes do movimento demonstravam o seu apoio à candidata da coligação dos partidos de esquerda e esquerda radical, afirmando “Rima, Paris está contigo“.
A investigação foi aberta na sequência de uma entrevista, publicada no final de novembro ao Le Crayon, na qual a jurista considerava “verdade” que o grupo islamita Hamas tinha tomado medidas legítimas contra Israel, o que Hassan denunciou como uma edição enganosa da sua resposta.
O Hamas é considerado uma organização terrorista na União Europeia e pelos Estados Unidos, além de Israel.
Também a líder dos deputados do LFI, Mathilde Panot, foi chamada pela polícia para prestar declarações no âmbito da mesma investigação.
A acusação critica Hassan pelo seu tom em relação a Israel, um Estado que descreve como uma “entidade colonial fascista“, que acusa de “mentir todos os dias”, e pela utilização do slogan “do rio Jordão ao mar Mediterrâneo a Palestina será livre”, expressão associada por alguns à destruição de Israel.
“A minha exigência é a igualdade de direitos desde o Jordão até ao mar pelos israelitas e palestinianos”, afirmou Rima Hassan, acrescentando não questionar “de forma alguma” a existência de Israel e criticando a “preguiça intelectual” dos comentadores da questão palestiniana.
A especialista em direito internacional e sétima na lista do LFI para as eleições europeias está também no centro das atenções por denunciar um “genocídio” em Gaza.
Hassan nasceu na Síria e passou a infância num campo de refugiados palestinianos nos arredores de Aleppo, antes de emigrar para França aos 10 anos, graças ao reagrupamento familiar.
Tornou-se relatora do Tribunal Nacional de Asilo francês, CNDA, e foi homenageada em 2022 pela Delegação Interministerial para o Acolhimento e a Integração como uma “Mulher Inspiradora“.
O encontro entre Hassan e o LFI aconteceu numa conferência sobre a situação no Médio Oriente numa universidade no verão. Após os atentados do Hamas de 7 de outubro e a resposta israelita, a ativista foi contactada pelo LFI para se juntar à lista, tornando-se numa das principais figuras do partido.
Enquanto o LFI insiste na importância da causa palestiniana nestas eleições europeias, Rima Hassan ganhou visibilidade junto do grande público, pela polémica dos seus comentários e pelo seu à-vontade com os meios de comunicação social, ao ponto de conseguir ofuscar a cabeça de lista Manon Aubry.
A ativista franco-palestiniana e fundadora do Observatório dos Campos de Refugiados, cuja posição sobre o conflito israelo-palestiniano é criticada desde a extrema-direita até à esquerda, é uma das mais aplaudidas pelos ativistas pró-palestinianos, incluindo pelos estudantes franceses que nos últimos dias bloquearam universidades para apoiar a causa palestiniana.
Israel declarou a 7 de outubro do ano passado uma guerra na Faixa de Gaza para “erradicar” o Hamas depois de este, horas antes, ter realizado em território israelita um ataque de proporções sem precedentes, fazendo 1.163 mortos, na maioria civis.
// Lusa
Guerra no Médio Oriente
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