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Cancro da mama: faixa dos 45 aos 49 anos é a que tem mais novos casos

d.r. shutterstock / BBC

De um ano para o outro, a incidência da faixa etária dos 45-49 anos ultrapassou a dos 50-65 anos. Portugal ainda não cumpre as normas de rastreio recomendadas pelo Conselho da União Europeia.

A faixa etária dos 45 aos 49 anos, no género feminino, apresentou o maior número de novos casos de cancro da mama em Portugal em 2020, tendo ultrapassado, de acordo com dados do Registo Oncológico Nacional (RON), as faixas etárias subsequentes que são atualmente incluídas nos programas de rastreio — 50-54, 55-59 e 60-64 anos.

Só a partir dos 65 anos é que a incidência é superior à desta faixa etária. No ano em questão, foram diagnosticados 897 novos casos de cancro da mama em mulheres e 79 no sexo masculino, na faixa etária dos 45 aos 49 anos — são 215,8 por cem mil pessoas por ano.

A diferença faz-se notar de um ano para o outro: em 2019, a faixa dos 45-49 estava em quinto lugar no número de novos casos, e todas as faixas a partir dos 50 anos tinham maior incidência.

Médicos querem antecipação da idade do rastreio

Os médicos defendem a antecipação da idade de início dos rastreios, em concordância com as recomendações de “um limite de idade inferior de 45 anos e um limite máximo de 74 anos” no rastreio ao cancro da mama, bem como a extensão dos rastreios aos cancros do pulmão, próstata e estômago por parte do Conselho da União Europeia, algo que ainda não aconteceu, apesar do anúncio do Ministério da Saúde sobre a adoção destas recomendações e a implementação de projetos-piloto em 2023.

O presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia diz ser “claramente a favor do alargamento”. A “incidência de cancro da mama muito alta nesse grupo etário [45-49], havendo um benefício na realização do rastreio”, diz ao Jornal de Notícias.

“Apoio de forma forte até aos 74 anos e de forma moderada nos 45-49” é o que defende o diretor da Clínica da Mama do IPO do Porto, que prefere dar ouvidos à ciência: a incidência “não é tão forte como nos 70-74” e “a densidade mamária é elevada” em mulheres na pré-menopausa, “diminuindo a acuidade do diagnóstico da mamografia”.

Alargar a idade dos rastreios vai dar origem, provavelmente, a “uma maior taxa de falsos positivos, de biópsias, mas no final não podemos perder de vista estes números”, diz ao JN Joaquim Abreu de Sousa.

As “razões económicas” são as verdadeiras culpadas deste impasse, admite Vítor Veloso, do núcleo Norte da LPCC.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) revela que a norma, que inclui a análise das orientações da UE, deverá ser publicada ainda neste semestre.

ZAP //

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