As pessoas que têm cancro e ficam infetadas com o novo coronavírus produzem anticorpos numa taxa comparável ao resto da população, mas a sua capacidade de o fazer depende do tipo de cancro que têm e dos tratamentos que receberam, de acordo com um novo estudo.
As descobertas, publicadas na revista Nature Cancer, sugerem que os pacientes com cancro também deverão ter resposta positiva às vacinas contra a covid-19.
Astha Thakka, principal autor do estudo, refere que as “descobertas fornecem a garantia de que a maioria das pessoas com cancro são capazes de obter uma resposta de anticorpos semelhante à população em geral. As pessoas com histórico de cancro estão tão protegidas de reinfeção como aquelas sem histórico de doença. Também deverão responder bem às vacinas”.
O estudo envolveu 261 pacientes com cancro, sendo que 77% dos quais foram diagnosticados com tumores sólidos e 23% com tumores hematológicos, ou seja, no sangue.
A taxa geral de soroconversão – produção de anticorpos em resposta à infeção – foi de 92%. No entanto, quando os pacientes com tumores sólidos e sanguíneos foram comparados, os que tinham cancros sanguíneos tiveram uma taxa de soroconversão de apenas 81,7% – significativamente menor do que a taxa de soroconversão de 94,5% em doentes com tumores sólidos.
Segundo, Balazs Halmos, autor do estudo, esta situação tem uma explicação. “Os tratamentos comumente administrados a pacientes com cancro no sangue são conhecidos por suprimir o sistema imunológico, o que pode explicar a menor taxa de anticorpos desenvolvidos nesses pacientes e o aumento do risco de doença covid-19 grave”, frisa.
Neste sentido, é necessário “prestar uma atenção especial aos pacientes com cancro no sangue e pensar em estratégias para garantir que sejam tratados de forma adequada”, refere Sanjay Goel, médico oncologista em Montefiore.
Num artigo publicado no ano passado na Cancer Discovery, Halmos e a sua equipa descobriram que os pacientes com covid-19 e cancro no sangue tinham taxas de mortalidade mais altas em comparação com os pacientes que tinham tumores sólidos. Contudo, a mortalidade estava mais relacionada com a idade e comorbidades do que com a terapia ativa do cancro.
Todos os participantes do estudo testaram positivo à covid-19 através da realização de testes de PCR. Os doentes tinham uma idade média de 64 anos, diz a Eurekalert.
Coronavírus / Covid-19
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