Câmara de Cascais disposta a dar casa de férias ao rei Juan Carlos

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MartinPutz / wikimedia

Casa de Santa Maria com o Farol Santa Marta ao fundo em Cascais.

Casa de Santa Maria com o Farol Santa Marta ao fundo em Cascais.

O presidente da Câmara de Cascais admitiu que o município está disponível para colaborar com a casa real espanhola na compra ou cedência da Casa de Santa Maria para residência do rei emérito D. Juan Carlos.

A autarquia foi abordada “por pessoas próximas do rei emérito sobre a possibilidade” da utilização da Casa de Santa Maria, propriedade municipal, ao “nível da perspetiva cultural, da perspetiva do registo histórico, relacionado com os condes de Barcelona”, afirmou à Lusa Carlos Carreiras (PSD).

Segundo o autarca, que falava à margem da assinatura da aquisição pelo município do antigo hospital de Cascais, “houve a manifestação de vontade de aquisição”, mas a colaboração também pode passar pela cedência da Casa de Santa Maria para uma utilização de âmbito cultural.

O jornal espanhol ABC avançou, a 3 de outubro, que o município de Cascais tinha “oferecido a Don Juan Carlos uma residência de Verão na costa portuguesa” e que o rei emérito “ainda não tinha aceitado”.

Os condes de Barcelona, pais de Juan Carlos, “tiveram quatro locais de residência no concelho de Cascais”, principalmente no Estoril, mas para além das quatro propriedades privadas, “há uma relação histórica” do rei emérito também com a Casa de Santa Maria, o único património “que é municipal”, explicou o autarca.

“Seria para nós uma grande oportunidade de podermos reforçar esta nossa relação, não só com a família real espanhola, mas muito especialmente também no cumprimento da importância que tiveram os condes de Barcelona na história de Espanha, na história portuguesa e, naquilo que nos diz respeito, também na história do município”, frisou.

Apesar de considerar que a questão “está do lado de Espanha”, Carlos Carreiras notou que a opção da casa real pode passar quer pelos quatro imóveis privados, quer pela Casa de Santa Maria, projetada pelo arquiteto Raul Lino e que foi propriedade da família Espírito Santo, que apoiou os condes de Barcelona durante o seu exílio no Estoril.

O imóvel, que serviu de ponto de encontro das famílias reais europeias refugiadas desde o período da II Guerra Mundial, acabou por ser adquirido pelo município e funciona como espaço para exposições e eventos.

O presidente da autarquia vincou o interesse do município em reforçar a relação cultural e histórica com Espanha, uma das principais origens de turistas que visitam a vila, salientando a ligação já existente com a Fundação Duques de Soria.

“A última coisa que queremos é, de facto, não respeitar o que para nós representa esta relação que é também emocional, sentimental, para além de uma relação histórica com a casa real espanhola”, sublinhou Carlos Carreiras, que disse não querer adiantar mais pormenores para não prejudicar o processo com as autoridades espanholas.

/Lusa

3 Comments

  1. A estar correcta a notícia, é de perguntar se “dar” tem mesmo o sentido de oferecer gratuitamente. E se tem, é de perguntar também se em Portugal não haverá ninguém com mais legitimidade do que o rei Dom Juan para receber tal prenda.
    É que enquanto se procura ser magnânimo para com a realeza estrangeira, despreza-se a grandeza de portugueses que, voluntariamente ou obrigados, se entregaram à Pátria, defendendo como puderam e souberam, nos fins-do-mundo africanos, aquilo que lhes disseram que era Portugal.
    Mas esses, salvo os que carregam estrelas, passam ao lado do poder snobe, não existem, mesmo que lá por Cascais, ou em qualquer outro lugar cosmopolita, possa ainda haver vestígios deles, sobrevivendo à sombra do desamparo, em alguma soleira de porta condescendente…

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