Ao longo de cinco anos, as ondas de calor atingiu todas as regiões da bacia do Mar Mediterrâneo. “Deixou de ser excepção e passou a ser regra”.
O calor tem “atacado” fortemente nos últimos anos, especialmente no Verão. E 2022 não é excepção.
Quando se fala nas ondas de calor, destacam-se as consequências para os seres humanos, naturalmente.
As secas originam cortes de abastecimento de água – incluindo em Portugal – origina recordes de temperaturas e até há quem avise que nos devemos preparar já para evitar o fim da humanidade causado pelas alterações climáticas.
No entanto, os animais também são vítimas das alterações climáticas e destas fases de maior calor. Como as tartarugas, por exemplo.
As espécies marinhas que vivem no Mar Mediterrâneo são outro exemplo das sequelas do calor.
Morreram muitos animais de cerca de 50 espécies marinhas – corais, esponjas, macroalgas e peixes – devido a ondas de calor entre 2015 e 2019.
A Posidonia oceanica e o prados coralígeno, dois dos habitats mais emblemáticos do Mediterrâneo, também tiveram grande aumento na taxa de mortalidade.
O estudo foi realizado em Itália, pelo Instituto de Recursos Biológicos e Biotecnologias Marinhas do Conselho Nacional de Pesquisa, publicado na revista Global Change Biology e citado pela RaiNews. Envolveu mais de 30 grupos de investigação, provenientes de 11 países.
O calor afectou mais de 90% do Mar Mediterrâneo. Milhares de quilómetros da costa do Mediterrâneo, a partir do Mar de Alborão, foram afectados.
Mesmo alguns animais que estavam a 45 metros de profundidade morreram por causa do calor.
Esta será a primeira evidência científica da aceleração dos impactos ecológicos associados às mudanças climáticas: “Uma ameaça sem precedentes à saúde e ao funcionamento dos seus ecossistemas”.
“A interacção entre o aquecimento e a presença de novos patógenos em ambientes marinhos com efeitos ainda pouco conhecidos também é preocupante. A crise climática está a afectar seriamente os ecossistemas marinhos em todo o mundo e o Mediterrâneo é um lugar particularmente importante. Deixou de ser excepção e passou a ser regra”, lamentou o investigador Ernesto Azzurro.