Calendário interno divide as distritais do PSD e os apoiantes de Montenegro. Pinto Luz perde dois apoios de peso

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ppdpsd / Flickr

O presidente do PSD, Rui Rio

Os apoiantes de Montenegro estão divididos sobre a marcação das directas e do Congresso até ao fim de Junho e alguns olham com suspeição para a aproximação de Salvador Malheiro ao antigo líder parlamentar. Pinto Luz perdeu o apoio do líder da distrital de Lisboa e de Carlos Carreiras.

O Conselho Nacional do PSD vai reunir-se este sábado para decidir o calendário para as novas eleições internas e definir como vai ser feita a transição da liderança de Rui Rio para o novo Presidente, aponta o Público.

As distritais já derem luz verde à intenção da direcção actual de resolver o impasse interno até ao final do primeiro semestre, mas essa proposta não reúne o consenso.

A nível de candidatos, os militantes continuam sem saber os nomes que se vão chegar à frente. José Ribau Esteves, autarca de Aveiro, é aquele que tem sido mais frontal e que tem deixado mais clara a sua intenção de se candidatar, argumentando que está na hora do PSD fazer um reset e ter uma cara nova na liderança que não tenha feito “a vida negra” a Rui Rio.

Miguel Pinto Luz é outro dos nomes de que se tem falado, mas chega ao Conselho Nacional sem os apoios importantes de dois dos seus aliados — Ângelo Pereira, o líder distrital de Lisboa, que apostou as fichas em Carlos Moedas, e Carlos Carreiras, Presidente da Câmara de Cascais, que prefere o “senador” Marques Mendes.

O eurodeputado Paulo Rangel, que ainda há pouco tempo foi derrotado por Rui Rio nas directas, também ainda não confirmou se vai ou não avançar com uma nova candidatura e vai estar ausente do Conselho por estar a caminho da Ucrânia, no âmbito das discussões diplomáticas em torno da tensão com a Rússia.

Apoiantes de Montenegro às turras

O antigo líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, tem sido apontado como o favorito na corrida. No jantar que reuniu os líderes das distritais, sendo que alguns são seus apoiantes, ficaram evidentes as divergências sobre as propostas das datas para as eleições e para o Congresso, ficando apenas decidido que o processo deve ser concluído até ao fim do primeiro semestre, tal como Rui Rio tinha sugerido.

Os dirigentes distritais querem que o calendário seja fechado já hoje, mas há dúvidas sobre se isso é possível juridicamente. Nesse sentido, propõem a convocação de um novo Conselho Nacional no prazo de 10 dias para ficar tudo decidido num documento a que o Público acedeu e que tem a assinatura de todos os líderes distritais, com a excepção de Aveiro, que é liderada por Salvador Malheiro, e Évora.

Olegário Gonçalves, líder da distrital de Viana do Castelo e apoiante de Rui Rio, foi o porta-voz de todas as distritais, anunciando que o calendário deve ser decidido em função da opinião do presidente. “O presidente do partido já disse qual era o timing dele, que seria até ao final de Junho. Nós temos de marcar datas em função do que o nosso presidente acha por bem para ele próprio e para o partido”, afirmou.

Entre os apoiantes de Montenegro, Pedro Alves, da distrital de Viseu e director da campanha interna de ex-líder parlamentar em 2020 e Paulo Ribeiro, de Setúbal, querem já fechar o calendário. No entanto, Paulo Cunha, de Braga, quer ter mais calma na marcação das datas.

O resultado do jantar também deixou alguns apoiantes de Montenegro, que querem uma posição mais firme perante a direcção, de pé atrás, devido ao impasse sobre o que Rui Rio tem nos planos até Junho e sobre a possibilidade de fazer acordos com António Costa para uma revisão à Constituição.

O apoio de Salvador Malheiro também suscitou críticas na ala de Montenegro, devido aos confrontos passados com a facção de Rui Rio — de quem Malheiro é um grande apoiante e vice-presidente.

Recorde-se que a marcação do calendário interno tem também um impacto nos desafios que o próximo líder do PSD terá de enfrentar. No total, até ao fim desta legislatura, o novo Presidente vai ser testado em cinco eleições — nas directas, nas europeias, nas regionais dos Açores e Madeira e nas autárquicas.

Adriana Peixoto, ZAP //

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