Caixa Geral de Depósitos reduz ‘spread’ de créditos à habitação de alguns clientes

A Caixa Geral de Depósitos vai reduzir ‘spread’ de créditos à habitação de clientes em dificuldades.

Uma redução de 50 pontos base, 0,5%, do ‘spread’ contratado pelos clientes, com crédito à habitação própria permanente, que estejam com dificuldades em pagar os empréstimos. É a nova medida da Caixa Geral Depósitos (CGD).

Esta medida de redução do ‘spread’ – a possível variação da taxa de juros paga por um cliente – soma-se à bonificação de juros que o Governo atribuirá a clientes bancários com crédito à habitação, que tenham muitas dificuldades em pagar os créditos (tendo em conta determinados critérios).

A CGD diz que este é o “seu contributo para aliviar os encargos das famílias com crédito à habitação em resultado da rápida subida das taxas de juro”.

Para beneficiar desta medida, os clientes têm de pedir acesso aos juros bonificados do crédito à habitação junto do seu banco, este tem de ser aprovado e não pode haver atrasos no pagamento das prestações à Caixa.

A medida será aplicada “durante o segundo semestre de 2023, de julho a dezembro, em complemento da bonificação de juros suportada pelo Estado Português”, refere a Caixa Geral de Depósitos.

Esta medida já tinha sido anunciada esta semana pelo presidente executivo da CGD, Paulo Macedo, no CEO Banking Forum, que decorreu em Lisboa.

A CGD diz ainda que já renegociou mais de 9000 créditos dos seus clientes.

Há duas semanas, o Presidente da República declarou-se “esperançado de que a banca esteja acordada para o problema” dos créditos à habitação, e “o Banco de Portugal também”.

Marcelo Rebelo de Sousa considera que cabe ao Governo atuar nesta matéria, “numa escala mais pequena”.

O chefe de Estado apontou o nível dos juros dos créditos à habitação como um problema para o qual não se vê ainda “uma saída”, e que se verifica “ao mesmo tempo que aquilo que a banca está a pagar, a quem utiliza a banca, é muito pouco“.

Questionado sobre as palavras do Presidente da República, o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, disse que os bancos “têm a obrigação de acompanhar aqueles que estão em dificuldade, e encontrar respostas“, até porque têm uma função social.

Contudo, acrescentou, as medidas devem ser “muito focadas em situações, de facto, de dificuldade”, e não aplicadas à generalidade dos clientes.

Centeno teme que muitos possam usar essas medidas por “mimetismo” e estar-se a criar problemas de futuro, com as pessoas a terem de voltar a pagar a totalidade das prestações bancárias “numa altura em que o ciclo económico não pode ser melhor do que hoje”.

O Governo tem dito que a bonificação de juros pode chegar a 100 mil famílias e custar 100 milhões de euros.

Nos primeiros três meses de 2023, os lucros da CGD quase duplicaram para 285 milhões de euros.

Os bancos têm apresentado lucros elevados suportados no aumento da margem financeira pela diferença entre os juros cobrados no crédito – que aumentaram significativamente com a subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu – e os juros pagos nos depósitos – que continuam relativamente baixos.

ZAP // Lusa

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