“Caçador de maçãs” dos Apalaches já salvou mais de mil variedades “perdidas”

(dr) Tom Brown

Tom Brown, o “caçador de maçãs” dos Apalaches

Tom Brown, antigo engenheiro químico de 79 anos, dedica agora a sua vida a redescobrir maçãs “perdidas”. Já o fez mais de mil vezes.

Entre as montanhas dos Apalaches, na América do Norte, está Tom Brown, um homem que depois da reforma tem-se dedicado a salvar variedades de maçãs que se julgavam perdidas.

O antigo engenheiro químico de 79 anos começou em 2001, numa aventura à procura da Junaluska, uma variedade de maçã típica dos índios Cherokee que desapareceu na viragem para o século XX. Brown começou a procurá-la depois de descobrir referências num catálogo de pomares de Franklin, na Carolina do Norte.

Tom Brown eventualmente encontrou o pomar, encerrado desde 1859. De seguida, Brown andou de porta em porta a perguntar por velhas macieiras, acabando por conhecer uma idosa que conhecia uma numa velha floresta na montanha. Essa macieira era a única árvore Junaluska que restava na região.

Desde então, este “caçador de maçãs” recuperou cerca de 1.200 variedades, e o seu pomar de quase um hectare, Heritage Apples, contém 700 das mais raras, conta o Atlas Obscura.

“Estas maçãs pertencem às gerações dos meus avós e bisavós” disse Brown. Algumas delas não são vendidas comercialmente há mais de um século.

A cada ano, árvores são perdidas devido a tempestades, urbanização e pragas. É uma corrida contra o tempo encontrar estas árvores e salvar o seu fruto.

Como seria porreiro encontrar uma maçã que ninguém provou em 50 ou 100 anos? Foi esta a pergunta que moveu Tom Brown na sua procura por estas maçãs “perdidas” no tempo, cujos sabores poucos sabiam descrever.

Mas, afinal de contas, como é que maçãs com sabores tão característicos ficaram esquecidas e caíram quase na extinção?

Pomares comerciais nos EUA cultivavam cerca de 14.000 variedades de maçã em 1905, e a maioria delas pode ser encontrada nos Apalaches, onde tinham uma grande importância.

As tradições dos Apalaches em torno das maçãs foram-se perdendo e, em alguns casos, desapareceram por completo devido à migração urbana, pecuária industrial e sistemas alimentares corporativos. Em 1950, a maioria dos pequenos pomares, de humildes agricultores, foram forçados a ‘fechar portas’.

No final da década de 1990, os pomares comerciais dos EUA cultivavam menos de 100 variedades de maçã – e apenas 11 delas representavam 90% das vendas nos supermercados. Especialistas estimam que 11.000 variedades tenham sido levadas à extinção.

Ainda assim, algumas delas podem continuar por aí, escondidas timidamente entre florestas, montanhas e vales. São precisos mais homens e mulheres como Tom Brown, dispostos a trazê-las de volta à nossa dieta

Daniel Costa, ZAP //

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