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Cabo submarino Portugal-Marrocos anti-apagões: Governo já está a falar com Rabat

Luís Forra/LUSA

A ministra do Ambiente e Energia, Maria de Graça Carvalho.

Ligação por cabo submarino com 220 quilómetros de comprimento custaria mais de 300 milhões de euros aos cofres de Portugal. Já terão sido estabelecidos “contactos preliminares” entre Lisboa e Rabat.

O Governo português já estará em contacto com o reino de Marrocos com vista a eventual criação de uma “autoestrada” de eletricidade que ligue Portugal ao vizinho africano.

A notícia é avançada pelo Jornal Económico esta sexta-feira, que garante que já houve “contactos preliminares” entre Lisboa e Rabat, embora o projeto não esteja ainda em cima da mesa a ser analisado.

Segundo fonte oficial do Ministério do Ambiente e Energia, liderado por Maria da Graça Carvalho, o Governo pode vir a estudar a possibilidade de uma ligação por cabo submarino entre os dois países, com 220 quilómetros de comprimento entre Tavira e B. Harchan, capaz de transportar 1.000 megawatts.

A obra, segundo o mesmo jornal, teria um custo que pode vir a atingir os 325 milhões de euros para Portugal, segundo um estudo divulgado em 2022 pelo MED-TSO — a associação que junta os operadores das redes de transporte de eletricidade do Mediterrâneo. Parte dos custos poderia ser suportado por fundos europeus, mas uma fatia seria sempre paga pelos consumidores de eletricidade através da fatura mensal.

O custo total seria de 650 milhões de euros a dividir pelos dois países.

“O reforço das interligações só viria robustecer o sistema ibérico que é operado quase em ilha. Viria fornecer muita robustez”, disse o especialista em energia do INESC-TEC João Peças ao JE.

“Se não tivéssemos limites aos recursos financeiros ou tivéssemos a justa repartição de apoios, do ponto de vista a nível europeu, poderia fazer todo o sentido Portugal ter uma ligação própria com Marrocos e não ter apenas uma interligação com Espanha”, que foi a maior preocupação no apagão que nos deixou às escuras a 28 de abril, disse ao JE Duarte Cordeiro, ex-ministro do Ambiente.

Mas há dúvidas quanto à eficácia do projeto para prevenir um apagão. Além disso, ficaria muitíssimo caro, diz Nuno Ribeiro da Silva, ex-líder da Endesa Portugal. “Numa situação de escassez, de colapso do sistema, o cabo não nos dá qualquer garantia que fosse alternativa suficiente para suportar e aguentar um colapso do nosso sistema ibérico”. Adianta ainda que “não é uma solução racional do ponto de vista económico, e que traga fiabilidade e resiliência ao sistema nacional”.

João Galamba, ex-secretário de Estado da Energia, lembrou que já tinha sido iniciado um estudo sobre o projeto durante o seu mandato, mas que nunca foi concluído devido à relutância de entidades, nomeadamente do lado espanhol, em partilhar dados.

ZAP //

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