A serra do Bussaco funcionou como “marcador de cabotagem” para os navegadores fenícios que fundaram colónias na foz do Mondego (Ereira) e na ria de Aveiro (Ílhavo), defende o historiador Nuno Alegre, no seu novo livro.
Intitulado “Bussaco versus Buçaco”, o novo livro do historiador e hoteleiro do Luso será lançado em 15 de junho, numa sessão ‘online’ através da plataforma Zoom.
Na obra, Nuno Alegre procura responder à dúvida sobre a grafia correta da serra que alberga a Mata Nacional e depois dá um salto no tempo, documentando a construção e evolução do Palace Hotel e do Alegre Hotel, recorrendo a fotografias e textos originais da época de construção, reunidos ao longo de anos.
Bussaco ou Buçaco? O historiador conclui que podem ser usadas as duas designações, remontando à presença de fenícios e romanos nos campos férteis do Vouga e Mondego, em 100 a.C.
No livro, terminado durante o período de confinamento, Alegre manifesta a sua inclinação para a origem fenícia da palavra, argumentando que a serra era um marco para os navegadores, por ser visível a partir da costa.
“Ainda hoje é possível ver o topo da serra a partir da costa”, argumenta o historiador e hoteleiro, que apresenta no livro cálculos matemáticos feitos com recurso a instrumentos de navegação, que supostamente demonstram que Ereira, Ílhavo e Bussaco formam um arco geográfico perfeito.
Neste contexto, o historiador avança a hipótese de a palavra fenícia Baqqac (Busca) ser a origem da designação Bussaco. Reconhece também que existem vestígios romanos em que Bussaco aparece grafado com uma cedilha.
No seu primeiro livro, “De Luso”, Nuno Alegre avançou a hipótese de na povoação vizinha da Vacariça ter existido uma enorme fundição de ferro, da fase final do domínio romano, em transição para o período visigótico.
Essa hipótese acabaria por ser reconhecida como sustentada pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR), que declarou a zona da fundição como lugar de interesse arqueológico, o que levou à alteração do PDM da Mealhada.
Alegre defendia também que os romanos foram os precursores da tradição termalista do Luso, cujas águas acabaram por trazer notoriedade à vila.
Entre todos os hotéis que se instalaram no eixo Bussaco-Luso, destaca-se o Palace, que ocupa o antigo pavilhão de caça do último rei português, em plena mata de 105 hectares, candidata a Património Mundial da UNESCO.
Na vila do Luso, para além do Grande Hotel, o historiador traça a história do Alegre Hotel, propriedade da sua família, um dos mais antigos hotéis portugueses em funcionamento permanente.
// Lusa
ZAP:
Sobre Bussaco-Buçaco pronunciaram-se já as autoridades linguísticas há muito tempo (1946 e 1966) e nem o infeliz último acordo ortográfico alterou as coisas.
Penso, portanto, que além de publicitar gratuitamente o livro com o respectivo título – de que o autor tem toda a liberdade de interrogar-se sobre a grafia correcta – o artigo deveria respeitar as regras, como frequentemente argumenta quando os leitores levantam dúvidas.
Veja-se:
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/serra-do-bucaco/12216
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/novamente-a-grafia-de-bucaco/33903
Infelizmente a “bíblia” do Zap – o Priberam – não tem a palavra nas definições, embora escreva com “ç” na definição de ‘dazilírio’.
Caro leitor,
Obrigado pelo seu reparo.
Tal como consta na segunda das referências que indicou, “em síntese, a forma correta atual é Buçaco, mas, para fins comerciais, turísticos ou no âmbito da cultura local, é possível usar a forma usada do século XVII em diante, Bussaco”.
Além disso, o próprio historiador acerca do qual versa esta notícia “conclui que podem ser usadas as duas designações”.
Assim, não vemos que seja óbvia a necessidade de “corrigir” o termo usado no nosso título, nem que o mesmo esteja a ferir as regras com que nos guiamos.