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Os britânicos odeiam o plano de May para o Brexit, mas aplaudem a sua garra

Stefan Wermuth / Reuters

A primeira-ministra britânica Theresa May

Inabalável, Theresa May continua de pé. É certo que os britânicos não gostam do acordo de Theresa May para o Brexit. Ainda assim, admiram a sua garra.

Viveram-se dias verdadeiramente intimidantes na Câmara dos Comuns do Reino Unido. Entre votações e muitos discursos, nada mudou. Certo é que, no meio de tanto caos, Theresa May continua de pé.

Estudiosos da política britânica hesitam, mas são obrigados a concordar com esta afirmação. Até hoje, nenhum outro líder britânico sobreviveu a uma ofensiva parlamentar, descrita por muitos como “a pior da história”. Mas May conseguiu resistir.

Segundo o The Washington Post, a Europa tem sido uma questão tóxica para o Partido Conservador, levando à queda de ex-primeiros-ministros como David Cameron, John Major e Margaret Thatcher. E o Brexit seria sempre um caminho demasiado duro para qualquer primeiro-ministro, independentemente do seu partido.

No entanto, apesar de ter pulso firme, a primeira-ministra britânica sofre com as suas notórias fragilidades da sua comunicação. Reservada e construtora nata de alianças, Theresa May nunca foi capaz de explicar as complexas mas necessárias mudanças do Brexit, como o recuo irlandês ou os custos reais de manter um “comércio sem atrito” com a Europa, por exemplo.

Ainda assim, May é tenaz. “A sua força é ser indomável”, afirmou Anand Menon, professor de política europeia e relações internacionais no King’s College London.

“No entanto, May tem uma mentalidade de bunker. Ela tem uma tendência, que esteve bem patente na semana passada, de governar como se tivesse uma grande maioria. Mas Theresa May não consegue explicar nem persuadir, e é por isso que o Parlamento não consegue o acordo.”

As lutas de Theresa May foram profundamente motivadas pelas divisões existentes no Partido Conservador. Mas por que motivo a primeira-ministra não foi afastada do cargo?

Porque ninguém quer o emprego dela, responde o The Washington Post. A verdade é que Boris Johnson, Dominic Raab, Michael Gove, Sajid Javid, Jeremy Hunt querem, mas não agora, num Reino Unido fragilizado.

Steve Double, legislador conservador, personificou a mente dividida dos Tories quando defendeu Theresa May durante o voto de confiança. Apesar de reconhecer que é um dos 118 membros conservadores do Parlamento a votar contra o acordo, Double admitiu que a primeira-ministra tem muitas qualidades.

“Theresa May tem muitas qualidades que vieram à tona nos últimos tempos. As pessoas  admiram a sua capacidade de resistência, força e determinação.”

“Ninguém duvida da sua determinação, que geralmente é uma qualidade admirável. Mas mal aplicada, pode ser tóxica”, afirmou, por sua vez, Tom Watson, o vice-presidente do Partido Trabalhista.

“E a verdade mais cruel de todas é que Theresa May não possui as habilidades necessárias, as habilidades políticas, a empatia e, a mais crucial de todas, a política de liderar este país”, rematou.

“O país sente genuinamente pena da primeira-ministra. Eu sinto muita pena da primeira-ministra. Mas ela não pode confundir pena com legitimidade política.”

LM, ZAP //

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