Britânicos capturados pelas forças russas são condenados à morte após “julgamento de fachada”

Atef Safadi / EPA

A Rússia argumenta que os soldados eram mercenários, mas o Reino Unido afirma que os dois homens faziam parte das forças ucranianas e que, por isso, estão protegidos segundo a convenção de Genebra.

Os dois homens britânicos e o marroquino que foram capturados em Mariupol pelas forças russas por estarem a lutar ao lado dos ucranianos foram hoje condenados à morte por um tribunal numa região da Ucrânia controlada pela Rússia.

Segundo o The Guardian, os homens estavam acusados de terrorismo num julgamento que os observadores descrevem como de “fachada”.

Os dois britânicos afirmaram que estavam a servir na marinha ucraniana, o que lhes dava direitos de acordo com as convenções de de Genebra enquanto prisioneiros de guerra.

A família de um dos homens já adiantou que o soldado servia nas forças ucranianas há quatro anos e acredita que este foi obrigado a confessar a culpa nos vídeos que foram divulgados do julgamento. No entanto, a Rússia argumenta que os britânicos eram mercenários.

Os órgãos noticiosos estatais russos têm coberto o julgamento e mostraram imagens onde os homens afirmam que são culpados pelas acusações. As forças russas afirmam que as ações dos homens “causaram a morte e feriram civis, assim como danos a infraestruturas civis e sociais”.

Os britânicos têm agora um mês para apresentar um recurso e caso este seja aceite, a sentença pode passar para prisão perpétua ou 25 anos de prisão em vez da pena de morte.

A Rússia estará a usar este caso para colocar pressão sobre o Reino Unido e outros países ocidentais e exigir a troca por soldados russos que também já foram condenados por crimes de guerra pelos tribunais ucranianos. Há uma moratória à pena de morte na Rússia, mas não no território ocupado no leste da Ucrânia.

Downing Street já reagiu ao caso e afirma estar “profundamente preocupado” com o caso. “Já dissemos continuamente que os prisioneiros de guerra não devem ser explorados para propósitos políticos. Vamos continuar a trabalhar com as autoridades ucranianas para a libertação segura de quaisquer britânicos que estejam a servir nas forças armadas ucranianas”, afirma o governo do Reino Unido.