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Brexit cria caos nos acessos ao Canal da Mancha em França. Situação é “catastrófica”

As filas de acesso ao porto e ao túnel da Mancha, na passagem da fronteira entre França e o Reino Unido, estão a gerar tempos de espera de entre cinco e seis horas nas últimas semanas, em antecipação do fim do período de transição do Brexit.

Segundo a prefeitura do departamento de Pas-de-Calais, nas últimas duas semanas, o tráfego de camiões passou de seis mil para nove mil por dia, criando filas inéditas com um tempo de espera entre cinco e seis horas.

Com a aproximação do fim do período de transição no âmbito do Brexit, e com o receio da escassez de produtos, a situação na fronteira é “catastrófica”, relatou à agência EFE o delegado em Pas-de-Calais da Federação Nacional de Transportadoras, Sébastien Ribera.

“À antecipação do Brexit, acresce que com a covid-19 não há turismo, portanto as companhias marítimas têm rotas reduzidas e há menos ‘ferries’ atualmente. É o cocktail que nos levou a esta situação, com engarrafamentos de quilómetros e entre cinco e seis horas de espera para passar”, disse Sébastien Ribera.

A falta de estruturas para acomodar tantos camiões faz com que os veículos se acumulem nas vias portuárias e na autoestrada A16, com esperas que criam um outro problema: incentivam os migrantes que pretendem chegar ao Reino Unido a infiltrarem-se nos camiões.

O delegado regional da federação sugere que até ao primeiro trimestre de 2021 não será possível ter uma visão mais ampla da situação nesta fronteira, onde haverá um tempo de espera acrescido para as declarações aduaneiras, declarações de segurança e o tempo para os controlos.

“Os meios têm de ser reajustados ao volume atual e é preciso permitir que haja espaços adequados e protegidos para o tempo de espera”, afirma Ribera, considerando também necessário “pedir às empresas que coloquem mais ‘ferries’ para absorver o fluxo”.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, disse que há poucas probabilidades de alcançar um acordo sobre as relações futuras no pós-Brexit, enquanto o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, considerou muito provável o fracasso das negociações que estão a decorrer.

A decisão de prolongar novamente as negociações, anunciada este domingo pela presidente da Comissão Europeia, também não ajuda, lamentou Sébastien Ribera, afirmando que “a incerteza nunca é boa para os negócios”.

Apesar de novo prolongamento, as negociações entre Londres e Bruxelas não podem prolongar-se por mais de alguns dias, já que um eventual acordo tem de ser ainda ratificado – designadamente pelo Parlamento Europeu – antes de entrar em vigor, em 1 de janeiro de 2021.

O Reino Unido abandonou a UE em 31 de janeiro, tendo entrado em vigor medidas transitórias que caducam no próximo dia 31 de dezembro.

ZAP // Lusa

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