A inteligência artificial já entrou no mundo do jornalismo e promete transformar o setor, constituindo “uma ameaça à sua existência”, revela este sábado um estudo do Instituto Futuro Hoje.
O estudo do Instituto Futuro Hoje debruça-se sobre as organizações que já utilizam a inteligência artificial para escrever artigos a partir, por exemplo, de dados como os resultados desportivos e informações financeiras.
O desenvolvimento de processos automatizados irá, “num futuro não muito distante”, gerar, sem a intervenção dos jornalistas, artigos que não se ficarão por mais pelos dados, mas que gerarão uma análise, sublinha o trabalho.
Para este instituto, criado pela futurista e autora americana Amy Webb, especialista em tendências no domínio das tecnologias emergentes, a ameaça mais preocupante e grave terá a ver com a evolução da relação entre o indivíduo e a tecnologia.
Segundo as previsões do instituto, em 2023, metade da interação entre os indivíduos e os computadores será feita através de voz. O assistente de voz, quer se trate da Alexa (Amazon), da Siri (Apple), da Cortana (Microsoft) ou do Assistente (Google), é a “manifestação mais visível” desta tendência, salienta o estudo.
Os autores acreditam que o modo como os meios de comunicação social se posicionarem sobre este novo canal de comunicação será crucial para o seu futuro. Para o instituto, a emergência Inteligência Artificial “constitui uma ameaça existencial para o futuro do jornalismo” se os órgãos de comunicação social não capturarem o assunto.
Se os órgãos de comunicação não iniciarem experiências com aplicações de inteligência artificial como o Alexa e o Google Home, o mundo “do jornalismo não participará ativamente na constituição do ecossistema da Inteligência Artificial”, salienta o estudo.
“Os meios de comunicação são clientes, não contribuem de forma significativa”, insistem os autores do estudo, que alerta para o facto de, além da inteligência artificial, as máquinas vão também “mudar significativamente” muitas das práticas jornalísticas nos próximos anos.
Para o instituto, os editores e as organizações profissionais devem fazer parcerias promovendo a colaboração com as experiências de inovação e desenvolvimento dos gigantes da internet.
// Lusa