“Glorificação ao passado colonial” vs “apagar a História”. Os brasões da discórdia

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Lisboa.pt

Inauguração do Jardim da Praça do Império

A Câmara de Lisboa rejeitou um voto de repúdio “contra a glorificação do passado colonial” devido à permanência dos brasões coloniais dos territórios ocupados por Portugal no Jardim da Praça do Império.

Em reunião pública da Câmara, o voto de repúdio foi apresentado pela vereadora do Bloco de Esquerda (BE), Beatriz Gomes Dias, e foi rejeitado com sete votos contra (PSD/CDS-PP), seis abstenções (4 do PS e 2 do PCP), e quatro votos a favor (dois do Cidadãos Por Lisboa, um do BE e um do Livre).

Na proposta de Beatriz Gomes Dias, a vereadora nota que “a cidade de Lisboa renovou os seus votos de louvor e fidelidade ao passado colonial em contraciclo com a História, ao insistir na reposição dos brasões no Jardim da Praça do Império, desta vez sob a forma de calçada”.

Beatriz Gomes Dias considera que “não faz sentido” voltar a inscrever no espaço público a memória do passado colonial de Portugal, que foi marcado pela “exploração, violência e barbárie”.

A vereadora defende também que é fundamental desenvolver um pensamento critico sobre a memória e a História e um processo de deslocalização, em que se inclui retirar os brasões coloniais.

A inauguração da versão calcetada dos brasões dos territórios ocupados por Portugal “constitui uma glorificação anacrónica da violência e opressão do passado colonial de Portugal, que ainda hoje mantém feridas abertas na memória colectiva”, aponta ainda a vereadora do BE.

“Esta forma acrítica, extemporânea e inaceitável de retratar os eventos históricos ignora os valores da liberdade e da autodeterminação dos povos que lutaram de forma incansável pela independência que conquistaram”, declara o BE.

A manutenção dos brasões coloniais é um sinal de que a cidade de Lisboa “não assume um compromisso sério com todas as pessoas que nela vivem, nem com os países com os quais apregoa possuir uma irmandade”, destaca ainda o voto de repúdio.

Moedas acusa BE de querer “apagar a História”

Contra este repúdio, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), disse que há forças políticas que pensam que, se se apagar a História, os assuntos se resolvem, defendendo que o processo é ao contrário.

“Se conhecermos bem a nossa História, isso permite-nos, no futuro, não fazermos os erros que fizemos na nossa História”, apontou o autarca.

Para corrigirmos a nossa História, não a podemos negar, nem apagar”, declarou o social-democrata, ressalvado que o projecto do Jardim da Praça do Império vem do anterior executivo municipal.

Porém, Moedas destaca que concordou em dar-lhe seguimento, por considerar que não se deve “entrar num estigma de cancelamento da História“.

PCP acusa Moedas de ceder a “grupos saudosistas”

Para justificar a abstenção ao voto de repúdio, a vereadora do PCP Ana Jara referiu que o documento devia ter sido apresentado em formato de proposta, manifestando-se “em traços gerais de acordo com a questão da descolonização”.

Ana Jara também criticou a forma “muito pouco transparente” com que se decidiu colocar os brasões coloniais na calçada do Jardim da Praça do Império, em que a Câmara “cedeu a grupos saudosistas e conservadores“.

O PS não fez uma declaração de voto oral, mas disse que apresentará uma declaração de voto escrita.

ZAP // Lusa

21 Comments

  1. Engraçado que sao sempre os patetas do costume…
    Nem o mau deve ser glorificado nem a história deve ser esquecida, pois incorre-se no erro de voltar a cometer os mesmos erros uma e outra vez.

  2. O BE devia impedir que os países africanos de expressão portuguesa falassem português. Pois haverá maior sinal da opressão colonial do que impor a um povo o uso da língua do colonizador?…

  3. Já agora, deite-se abaixo os Jerónimos, o Padrão e tudo o resto. Fiquemos apenas com o que foi construído desde 1974, e não se esqueçam de deitar abaixo a Ponte agora 25 de Abril…Esquecem-se que nas ex-colónias viveram e lutaram portugueses de Portugal, não eram emigrantes, eram portugueses que foram para lá trabalhar e desenvolver aqueles territórios, que há altura estavam muito mais desenvolvidos que o continente. Esses portugueses foram completamente abandonados pelo estado, deixados a morrer nas mãos de militares das forças locais. Vieram sem nada, e tiveram de refazer toda a sua vida, muitos não aguentaram a pressão e puseram fim à vida. Isso sim foi vergonha nacional, o que agora seria impensável fazer a cidadãos estrangeiros, que recebem todo o apoio do estado, em 1974 os portugueses foram abandonados, muitos deles ainda hoje sofrem disso. Porque ninguém fala disso???

  4. E estamos a presenciar o que já acontece desde à muito tempo no EUA; a esquerda progressista “regressista” quer reescrever a história.

    A história deve SEMPRE ser mantida e estar bem presente na cabeça de todos para que NUNCA mais se cometam as mesmas atrocidades, em vez de apagar por causa de pseudo-emoções e falsas virtudes.

    Cresçam e apareçam! — estão a ser pagos para inovar e resolver os problemas da sociedade, e não para indotrinar ninguém e muito menos apagar a história, a realidade, os factos.

  5. Memória do passado colonial de Portugal é História e a História é eterna, nunca se pode apagar, porque existiu. Porque tentam confundir com o colonialismo? Estamos a falar de História. É como a história da vida de cada um: não se pode apagar. As nossas memórias não se podem riscar, pura e simplesmente. Quem não compreende isto é fanático ou está muito doente.

    • Além do mais, só temos de nos orgulhar dela, pois foi infinitamente positiva. Erros e falhas, obviamente que houve, como acontece nas nossas vidas!
      A prova disso, é que os africanos preferem viver junto dos antigos colonizadores, do que governados por criminosos libertadores, caso do Chissano ou JESantos.

  6. Quem não tem orgulho no passado de Portugal, penso que ninguém os impede de saírem do País.
    Tem alguns anos, que visitei o jardim e fiquei revoltado com o estado de degradação do jardim e dos brasões.
    Felizmente que o atual Presidente da Câmara fez o que devia ser feito.
    Como português “do norte”, bem-haja.
    Viva Portugal e a sua história.

  7. Para os paineleiros aqui do feudo… Como é que se chamava
    mesmo a ponte 25 de abril?! Então… mas muda-se ou não a história?! Ou apenas vale nalguns casos?!

  8. Isto por aqui é só palermices. Se são todos assim a favor da manutenção dos factos históricos então porque não se insurgem contra a renomeação da ponte Oliveira Salazar?!

  9. Os pulhas anti-Portugal que se insurgem contra as marcas e símbolos do nosso Passado, sim já é Passado, são precisamente os mesmos que defendem e choram o imperialismo russo! Tenho, como milhões de portugueses, imenso orgulho desse Passado, se houve erros, houve, mas nem por sombras com o peso que lhe atribuem nem sequer comparável com tudo o que vivenciamos hoje! O positivo que deixamos no Mundo, supera largamente eventuais erros, disso, estes canalhas não falam. Está gente, não portuguesa certamente, prefere louvar outras Histórias e culturas, pretendendo fazer da nossa algo esquecido e repudiado pelas gerações mais novas. Qyerem um país “multicultural” como se nós portugueses não estivéssemos ao longo de 500 anos habituados a conviver com gentes de todas culturas. Já agora, o imperialismo russo ou chinês que tanto defendem, matou milhões e durou metade do Império português, mas estes anti-Portugal, choram e defendem acerrimamente esses impérios onde milhões são submetidos pela força, como vemos hoje na Ucrânia, e ainda atacam sob os pretextos mais irracionais as vítimas como se fosse legítimo em pleno século XXI realizar acções de conquista imperial! Maldita gentalha!

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