Enganados por youtubers, há brasileiros em Portugal a passar fome e a viver na rua

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O número de brasileiros que imigra para Portugal continua a aumentar, mas alguns acabam a viver nas ruas e a passar fome, chegando iludidos por youtubers com a ideia do “sonho europeu” que depois não se concretiza.

“Há centenas” de brasileiros a passar fome e alguns estão a morar nas ruas de Portugal, alerta o pastor Fabrizio Santos, da Igreja Evangélica Adonai Church, em declarações ao Correio Braziliense.

O aumento do custo de vida, em especial do valor dos alojamentos, está a complicar a vida destes imigrantes que constituem a principal comunidade estrangeira em Portugal.

Não conseguem mais pagar os aluguéis, que, somente no ano passado, subiram, em média, 37%”, repara o pastor que também está a ajudar algumas pessoas com bens alimentares.

O pastor dá o exemplo de um casal com uma criança. “Não tinham dinheiro nem para comer. E isso está se repetindo diariamente”, lamenta.

Fabrizio Santos refere que chegaram a acreditar que “teriam facilidade para arrumar emprego e para alugar um local adequado para morar”. “Mas tudo está muito caro. As pessoas estão enganadas em relação à vida em Portugal”, diz.

“Iludidos por posts enganosos na Internet”

O Correio Braziliense sublinha que “muitos brasileiros que vieram para Portugal foram iludidos por post enganosos na Internet feitos por youtubers, que estão sendo investigados pelas autoridades portuguesas”.

Estes youtubers “são jovens que aparecem com roupas de marcas, carros, ostentando, como se tivessem ficado ricos em Portugal“, acrescenta, frisando que isso tem influenciado muitos brasileiros que “compram passagem e chegam ao país europeu com apenas mil euros no bolso”.

Assim, o pastor alerta outras pessoas que estejam a pensar em vir para cá, salientando que “devem se preparar muito”.

“Não se trata de aventura”, aponta, considerando que a facilidade da mesma Língua não é tudo. “A cultura portuguesa é muito diferente da brasileira“, avisa ainda, frisando que não podem acreditar que vão ter cá “a mesma vida do Brasil”.

O Consulado do Brasil em Lisboa tem recebido vários pedidos de auxílio de imigrantes que querem regressar a casa. “Em média, por dia, 145 brasileiros pedem ajuda para retornar ao Brasil“, sustenta ainda o Correio Braziliense.

Brasileiros em Portugal aumentaram 13% em 2022

Em 2022, viviam em Portugal 233.138 brasileiros, mais 28.444 (13%) do que em 2021, de acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) citados pela Lusa.

Trata-se da principal comunidade estrangeira residente no país, seguindo-se cidadãos do Reino Unido (36.639 residentes), de Cabo Verde (35.744), da Índia (34.232), de Itália (33.707), de Angola (30.417), de França (27.614), da Ucrânia (26.898), da Roménia (23.967) e do Nepal (23.441).

Crise afeta outros imigrantes lusófonos

Em Novembro, a Lusa tinha noticiado que cada vez mais imigrantes lusófonos, nomeadamente brasileiros, mas também angolanos, cabo-verdianos, são-tomenses e guineenses, pediam ajuda nas associações devido às dificuldades financeiras.

A presidente da Casa do Brasil, Cynthia de Paulo, referia à Lusa que esta associação tem recebido cada vez mais “pedidos de ajuda de pessoas que chegaram há pouco tempo e que estão em vias de ficar sem-abrigo“.

O vencimento não chega. Tudo subiu de preço. O grande desafio é a aquisição de géneros, para que a alimentação da família não falte”, dizia também o presidente da Associação de Angolanos e Amigos de Angola, João Inglês.

“Há quem não consiga comprar leite”, apontava ainda o presidente da Associação guineense de solidariedade social (Aguinenso), João Tatis Sá.

“O preço das rendas também começa a ser impraticável para muitas famílias que vivem com medo de não ter um teto para dormir”, sublinhava também.

ZAP // Lusa

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