Brasil entre a ansiedade e medo de violência antes do dia do voto

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Marcelo Camargo / Agência Brasil; Ricardo Stuckert / PR / ABr

Brasileiros relatam ansiedade e medo de violência antes da primeira volta da eleição que poderá definir o próximo chefe de Estado do país numa disputa polarizada entre o Presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente Lula da Silva.

Katiana Pereira, funcionária de uma mercearia em Brasília, está ansiosa mas sem dúvidas de que Jair Bolsonaro sairá vencedor já na primeira volta: “Muito ansiosa para votar no meu Presidente”.

Sem considerar todas as sondagens que dão uma larga vantagem a Lula da Silva, a mulher de 36 anos insiste: “Vai ser vitória, Bolsonaro no primeiro turno!”.

A estudante de São Paulo Auani Isabela dos Santos, que vai votar pela primeira vez – o voto é obrigatório para pessoas entre 18 e 70 anos no Brasil – está empenhada para “trocar esse Presidente”, referindo-se a Bolsonaro.

A jovem brasileira contou esperar que o sufrágio terminará apenas na segunda volta, marcada para 30 de outubro, e não neste domingo conforme apontam algumas sondagens sobre intenção de voto divulgadas ao longo da semana no Brasil.

O DataFolha apontou na quinta-feira chance de vitória de Lula da Silva, com cerca de 48% das intenções de voto, sobre Bolsonaro que está com cerca de 34% dos apoios dos eleitores, ainda na primeira volta.

Com pequena probabilidade de avançar em caso de segunda volta aparecem na corrida presidencial brasileira os candidatos Ciro Gomes, com 6% das intenções de voto, e Simone Tebet, com 5%.

“Dependendo do resultado acho que vai ter muita bagunça. As pessoas fazem muita guerra com esta questão política, muitas pessoas matam ou tiram a própria vida por causa de política”, ponderou Auani Isabela dos Santos.

Auani teme episódios de violência nesta eleição polarizada entre ‘bolsonaristas’ e apoiantes de Lula da Silva, que já motivaram o assassínio de um ‘petista’ no sul do país, brigas e ataques em razão de divergências políticas nas ruas e nas redes sociais.

Outra moradora de São Paulo que teme episódio de violência é Dalva Regina da Silva Jorge, de 59 anos, que disse à Lusa esperar uma vitória de Lula da Silva na primeira volta.

“Tanto na esquerda quanto na direita, qualquer um que ganhar, não vai ter aceitação [do resultado da eleição]. Se a esquerda ganhar vai ser aquela felicidade para pessoas como eu, mas se a extrema-direita ganhar vai ser aquela insatisfação da esquerda e o clima ficará meio conturbado”, afirmou.

“Acredito que o resultado da eleição não vai ser uma coisa legal para todo mundo porque os eleitores que estão neutros são bem poucos (…) Acho até que vai ter muita briga no próprio domingo”, acrescentou.

Rubens Herbert Aebi, empresário de 29 anos de Curitiba, relatou à Lusa experimentar um “sentimento misto”, mas mais do que isso, “um sentimento de tristeza.”

“A gente teve um governo do PT [Partido dos Trabalhadores, de Lula da Silva] que falhou em diversos aspetos, a alternativa foi uma coisa pior ainda, que é o bolsonarismo”, considerou o eleitor.

“A gente está resolvendo o problema em relação ao que é o momento, infelizmente”, com alguém que também fez parte do problema. Resumindo: É um sentimento meio paradoxal”, completou.

“Espero que não aconteça nada”, disse Rubens Herbert Aebi, referindo-se à violência.

Há também quem esteja ainda mais descrente com o futuro do Brasil, como o Paulo Reis, um reformado de 68 anos, natural de Minas Gerais, mas que reside em Brasília há mais de 20 anos.

Vou votar nulo”, sublinhou, acrescentando que não seria incapaz de votar em Lula que “destruiu o país”, nem no atual Presidente, “um burro, sem vergonha”.

As eleições no Brasil têm a primeira volta marcada para 02 de outubro e a segunda, caso seja necessária, para 30 de outubro.

Além do próximo presidente, os brasileiros escolherão governadores dos 27 estados do país, 27 senadores, os membros da Câmara dos Deputados e das assembleias legislativas estaduais.

// Lusa

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