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Brasil aceita doação do Reino Unido e dita regras para o restante apoio internacional

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Tânia Rêgo / Agência Brasil

Bolsonaro aceitou 11 milhões de euros do Reino Unido para o combate aos fogos da Amazónia e explicou que apoio externo será aceite desde que se entenda que os recursos serão geridos pelo governo.

O Brasil está aberto a receber ajuda internacional para o combate aos incêndios e preservação da Amazónia, condicionando a aceitação das verbas ao reconhecimento da soberania do governo brasileiro, afirmou na terça-feira o porta-voz da Presidência.

“Os recursos advindos do exterior em benefício do combate a esse momento que vivenciamos de queimadas serão bem-vindos, mas gostaria de reforçar que é essencial o entendimento de quem venha a promover essa doação de que a governança desses recursos, financeiros ou de reposição de materiais e ferramentas, é do governo brasileiro”, disse Otávio Rêgo Barros, citado pelo portal de notícias UOL.

“Quaisquer que sejam os países que venham a cooperar connosco, que esses países tenham um alinhamento natural e aceitável com o nosso país, incluindo países da União Europeia, onde vemos preocupação com o meio ambiente”, acrescentou Rêgo Barros.

Entre as ajudas financeiras oferecidas ao Brasil para ajudar no combate aos incêndios na Floresta Amazónia juntou-se na terça-feira a de 10 milhões de libras (cerca de 11 milhões de euros) por parte do Reino Unido, segundo o jornal o G1. A oferta, que foi aceite, surgiu numa conversa telefónica entre Dominic Raab, do Partido Conservador britânico, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, admitira antes, na terça-feira, apenas aceitar dinheiro do G7 para combater incêndios na Amazónia se o chefe de Estado francês, Emmanuel Macron, retirar aquilo que considerou como insultos.

“Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que ele fez à minha pessoa. Ele chamou-me de mentiroso. E depois (…) de que a nossa soberania está em aberto na Amazónia”, declarou o Presidente, no Palácio da Alvorada, em Brasília.

“Para conversar, ou aceitar qualquer coisa da França, [mesmo] que tenha as melhores intenções do mundo, ele [Macron] vai ter que retirar estas palavras e, daí, a gente pode conversar (…) Primeiro ele retira, depois ele oferece, daí eu respondo“, acrescentou o Presidente brasileiro.

Na semana passada, o governo francês disse que Bolsonaro havia mentido quando garantiu, na reunião do G20 — que juntou líderes das 20 maiores economias do mundo no Japão — o compromisso em preservar o meio ambiente. No entanto, o executivo brasileiro parece ter recuado nas exigências para aceitar a ajuda internacional, frisando, contudo, que a soberania do governo tem de ser uma garantia.

“Qualquer líder que não seja o líder do nosso país, e que venha a fazer comentários sobre como o nosso governo deve definir as nossas ações, deve entender que aqui existe governança que entende as suas próprias necessidades. Vamos receber recursos estrangeiros desde que seja analisado que a governança seja nossa”, declarou ainda o porta-voz.

Bolsonaro tem o apoio de Trump

O presidente norte-americano, Donald Trump, publicou esta terça-feira um tweet no qual enaltece o trabalho que tem sido desenvolvido por Bolsonaro no combate aos incêndios na Amazónia.

“Fiquei a conhecer bem Bolsonaro durante as nossas reuniões com o Brasil. Ele está a trabalhar no duro nos incêndios da Amazónia e, em todos os aspetos, está a fazer um grande trabalho pelas pessoas do Brasil“, escreveu Trump.

“Ele e o seu país podem contar com o apoio total e completo dos Estados Unidos da América”, lê-se ainda.

Em resposta ao presidente americano, Jair Bolsonaro não tardou a responder, agradecendo as palavras de Trump e reiterando o bom trabalho que está a ser feito na Amazónia. “Estamos a combater os incêndios com grande sucesso”, começou por escrever o presidente brasileiro.

https://twitter.com/jairbolsonaro/status/1166374477627875328?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1166375909135441921&ref_url=https%3A%2F%2Fobservador.pt%2F2019%2F08%2F27%2Famazonia-trump-diz-que-bolsonaro-tem-o-total-e-completo-apoio-dos-eua%2F

“O Brasil é e vai continuar a ser uma referência internacional no desenvolvimento sustentável”, atirou, referindo ainda que as fake news contra a soberania do Brasil não vão resultar e que o Estados Unidos podem também contar com os brasileiros.

Chuva vai demorar e pode não chegar

De acordo com as previsões meteorológicas e segundo dois especialistas climáticos, a chuva que chegará a Amazónia não será suficiente para acabar com as chamas. “Os pequenos focos serão extinguidos mas os grandes continuarão a lavrar por um bom tempo”, disse Maria Silva Dias, da Universidade de São Paulo.

“Antes pensava-se que as florestas amazónicas e outras regiões de florestas tropicais eram completamente imunes a incêndios, graças ao alto teor de humidade da vegetação rasteira sob a proteção da copa das árvores”, disse Carlos Peres, biólogo da Universidade de East Anglia. “Mas as secas severas de 1997-98, 2005, 2010, e atualmente um grande número de incêndios florestais no norte do Brasil mudaram para sempre essa perceção“.

O Expresso explica ainda que os incêndios saltam fronteiras e também afetam a Bolívia e o Paraguai, onde pelo menos 10 mil quilómetros quadrados de floresta estão a arder.

A época da chuva tem início em setembro, mas demora semanas a chegar à Amazónia. “Em alguns pontos a chuva pode contribuir para o fim dos fogos mas isto só vai acontecer em pontos isolados, não em todo o território que está a arder“, acrescentou Maria Silva Dias.

De forma a que a precipitação seja eficaz, é necessário chover muito mais do que aquilo que se espera. “Toda a área precisa que chova de uma forma muito regular, o que só acontecerá em outubro“, disse a professora da Universidade São Paulo.

ZAP // Lusa

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4 Comments

  1. “desde que se entenda que os recursos serão geridos pelo governo do Brasil”
    Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, já estamos a ver onde vai para o dinheirinho… aos bolsos do bolsado e da familia…

  2. Lamentável os comentários, a ingerência, o estelionato eleitoral e os crimes contra humanidade, contra o meio ambiente e ao equilíbrio fiscal do estado que estão sendo cometidos por este governo. Muito triste ver um país tão lindo como Brasil ser chamado de lixo pelo próprio presidente.

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