Boris promete continuar após 27 demissões no Governo. Tories planeiam nova moção de censura

UK Parliament / EPA

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, no Parlamento inglês.

Já 15 Ministros num total de 27 membros do Governo apresentaram a demissão na sequência do Pinchergate. Boris Johnson promete que vai continuar no cargo, mas os Conservadores querem marcar uma nova moção de censura.

Se “A Gente Vai Continuar” de Jorge Palma foi o lema do Governo português nas negociações para o Orçamento de Estado de 2022, a mesma música pode agora ser a banda sonora de Boris Johnson.

Apesar das saídas de membros do Governo já terem chegado às 27 — incluindo nomes de peso como Rishi Sunak e Sajid Javid, que tinham as pastas das Finanças e da Saúde, respectivamente — o primeiro-ministro garantiu esta manhã à Câmara dos Comuns que tenciona ficar no cargo.

“O trabalho de um primeiro-ministro em tempos difíceis, em circunstâncias em que lhe foi dado um mandato colossal, é continuar. E é isso que vou fazer”, garantiu.

As demissões em massa foram provocadas pela sucessiva acumulação de escândalos no seio do Governo e do Partido Conservador, desde o Partygate à acumulação de empregos dos deputados e suspeitas de abuso de influências, passando pelas recentes derrotas eleitorais nas eleições antecipadas.

No entanto, a gota de água foi o recente caso com Chris Pincher, um deputado Conservador que terá apalpado e assediado sexualmente colegas de trabalho. Já desde 2017 que as acusações são públicas e depois de inicialmente negar ter conhecimento disso, Boris admitiu que promoveu Pincher quando sabia das queixas.

Dominic Cummins, ex-assessor de Boris Johnson, chegou mesmo a acusar o primeiro-ministro de ter uma alcunha para Pincher (que significa pinça em inglês) onde brinca com os seus comportamentos inapropriados e faz um trocadilho com o seu nome — “Pinça por nome, pinça por natureza“. Desde as novas revelações na semana passada, o deputado demitiu-se e foi afastado do partido.

 

Johnson rapidamente substituiu Sunak e Javid, mas uma série de outros governantes anunciaram que também estão de saída, deixando o primeiro-ministro numa posição ainda mais fragilizada.

O líder dos Trabalhistas, Keir Starmer, deixou duras críticas a Boris, lendo no plentário os detalhes das acusações feitas contra Pincher como um “lembrete para todos os que ainda apoiam este primeiro-ministro da seriedade da situação“.

Starmer também criticou os governantes que se demitiram, dizendo que estes não tinham uma “tira de dignidade” por só terem saído agora e não terem tomado uma posição sobre os outros escândalos que têm abalado Downing Street.

Mesmo com as promessas de continuidade de Boris Johnson, o seu destino não está só nas suas mãos. Segundo avança a Sky News, o comité 1922, que define as regras do partido Conservador, vai reunir esta tarde às 16 horas para a discussão de possíveis alterações que permitam a convocação de um novo voto sobre o líder, depois de no mês passado o primeiro-ministro ter sobrevivido à moção de censura.

Gary Sambrook, um membro executivo do comité, já deixou clara a sua posição, acusando Johnson de “tentar constantemente desviar-se do assunto” e de “tentar culpar outros pelos erros”, não havendo “mais nada a fazer a não ser assumir a responsabilidade e demitir-se“.

Adriana Peixoto, ZAP //

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