O corpo da segunda vítima mortal do deslizamento de terras e colapso de uma estrada em Borba foi retirado na noite de sábado de uma das pedreiras.
A mesma fonte indicou à agência Lusa que o corpo, que foi recuperado por volta das 22h00, é do segundo operário da empresa que explora a pedreira.
Em comunicado, a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) precisou que o corpo da segunda vítima mortal, o “segundo trabalhador que se encontrava a laborar no local no momento do aluimento de terras”, foi localizada cerca das 21h00.
“Os operacionais procederam já à remoção do cadáver, depois de terem removido os escombros” que o soterrava, referiu a ANPC, adiantando que o corpo foi encontrado “no plano de água que tem estado a ser drenado desde terça-feira”.
As operações envolveram elementos dos bombeiros, Força Especial de Bombeiros e Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR, tendo os binómios de Grupo de Intervenção Cinotécnica da GNR sido “fundamentais na operação de localização do corpo”.
O primeiro trabalhador foi retirado sem vida da pedreira, na terça-feira à tarde, quase 24 horas depois do acidente.
Além de dois mortos confirmados, o maquinista e o auxiliar da retroescavadora, há registo de três desaparecidos na zona, segundo as autoridades locais, que viajavam num automóvel e numa carrinha de caixa aberta que foram arrastados para dentro da pedreira quando passavam na estrada que ruiu.
O deslizamento de um grande volume de terras e o colapso de um troço da estrada entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, para o interior de poços de pedreiras ocorreu na segunda-feira às 15h45.
Troço estava assinalado há quatro anos
Face ao acidente, o bastonário da Ordem dos Engenheiros afirmou nesta terça-feira que está “estupefacto”, referindo que a situação já era conhecida e que a “medida adequada” era encerrar a estrada.
“Infelizmente tenho de mostrar alguma estupefação sobre o que aconteceu e como foi possível acontecer. Era uma situação que estava identificada pelo menos há quatro anos, já tinha sido equacionada a possibilidade de encerrar a estrada”, disse.
De facto, foi divulgado um documento de 2014, assinado por representantes de quatro empresas que exploram pedreiras na zona, depois de “reuniões informais de trabalho” com a Direção Regional de Economia do Alentejo (DREA) e com a Câmara de Borba.
Os empresários das pedreiras estavam preocupados com as “questões de segurança” da estrada, “atendendo às características geológicas que o maciço apresenta” na zona, especialmente quanto “à sua fraturarão e características”, destaca-se no memorando que foi assinado a 27 de junho de 2014.
O memorando evidencia o “enorme fator de risco da via” e destaca que seria preciso realizar “investimentos extremamente avultados na tentativa de consolidação dos taludes”, que seriam “economicamente inviáveis face à incerteza dos resultados”. Assim, se recomenda o encerramento da estrada.
ZAP // Lusa