Bluff, conversas, Nuno Melo ciumento. Governo esteve dividido sobre moção de confiança

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Tiago Petinga/Lusa

Luís Montenegro com Hugo Soares.

O governo dividiu-se sobre a moção de confiança, e mesmo entre os ministros houve dissidências. Montenegro decidiu junto ao núcleo mais próximo — e nem Marcelo concordou com o desfecho.

Nem o governo se entendeu sobre a moção de confiança apresentada esta terça feira. Segundo apurou o Observador, os sociais democratas dividiram-se entre considerar a decisão uma estratégia inteligente ou, por outro lado, uma tentativa de rendição.

Todos concordaram, no entanto, que que a Comissão Parlamentar de Inquérito pedida pelos socialistas não poderia avançar.

De acordo com o jornal, ao contrário do que o governo faz em público — ninguém critica abertamente Luís Montenegro — em privado é acusado por membros da bancada da Aliança Democrática de má gestão da situação política.

“Houve alguma soberba“, diz um elemento do governo da AD. “E, a determinada altura, houve insegurança“. Refere-se à tentativa, por muitos incompreendida e infundamentada, de ter uma “conversa” à porta fechada com o líder socialista, para tentar negociar.

Segundo fontes internas, o líder parlamentar do partido, Hugo Soares, terá mesmo sido instruído para ter uma conversa diretamente com Alexandra Leitão, a sua homóloga do PS, para negociar uma trégua. A conversa terá sido recusada, e o pedido de uma conversa privada foi mesmo feito aos olhos de todos — e também negado (“um bluff que foi levado demasiado longe”, escreve o Observador).

Mas antes disso já havia dissidências na AD, até mesmo no que respeita aos ministros. No dia 1 de março, antes de falar ao país, Montenegro convocou um Conselho de Ministros.

Mas antes de reunir com os restantes membros do governo, o primeiro-ministro convocou uma reunião privada com o seu núcleo próximo de aconselhamento, que inclui Leonor Beleza, Hugo Soares e ministros como Paulo Rangel, António Leitão Amaro, Castro Almeida e Miranda Sarmento.

A situação, narra o Observador, desagradou ao líder do CDS e ministro da Defesa, Nuno Melo, que no dia da moção de confiança não terá estado presente nas reuniões com o primeiro-ministro. Nem sequer se acredita que concordasse com a decisão de manter a moção de confiança. Terá “passeado” pelos corredores do Parlamento, passado pela sala do CDS e voltado a instalar-se na bancada do Parlamento, sem nunca ter sido consultado.

Mais tarde, a público, disse apenas que se sentia “muito desconfortável” com a situação de “crise política escusada”.

Marcelo contra moção de confiança

Outra entidade não consultada foi o próprio Presidente da República — cujo desagrado deixou bem expresso na semana que antecedeu à apresentação da moção de confiança.

E o descontentamento não se ficou por aqui. Segundo avança o Público, ao contrário do antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, que concordou com a apresentação da moção, Marcelo não gostou da decisão.

No entanto, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter convocado o Conselho de Estado, esta quinta feira, todos os conselheiros se manifestaram a favor do cenário de eleições (e a escolha de um novo chefe de governo nem sequer foi mencionada).

Carolina Bastos Pereira, ZAP //

1 Comment

  1. O nuno melo só tira credibilidade a esta solução política!!! O CDS PP já não existe, e o seu líder está ultrapassado!

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