Bloco exige ver relatório do programa de acolhimento de refugiados

Pedro Nunes / Lusa

Catarina Martins, porta-voz do Bloco de Esquerda

Dos 1.500 refugiados recolocados em Portugal, 820 já abandonaram o país e a maioria está em “paradeiro desconhecido”. O Bloco exige que o Executivo divulgue o relatório de avaliação do programa de acolhimento de refugiados.

Segundo o Diário de Notícias, o Bloco de Esquerda exige que o Governo divulgue o relatório de avaliação do programa de acolhimento de refugiados, tal como ficou estabelecido no projeto de resolução dos bloquistas e que foi aprovado por unanimidade no Parlamento.

Ao jornal, o deputado José Manuel Pureza sublinha que “apesar de o prazo para esta divulgação ser o final do ano, existe preocupação com a falta de sinais do Governo”.

Questionado pelo DN, o gabinete do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, assegura que o relatório “está em fase de conclusão e será remetido à Assembleia da República dentro dos prazos estabelecidos”.

Na semana passada, o BE questionou o Executivo sobre a situação de Saman Ali, o refugiado yazidi que entrou em greve de fome pela demora no processamento do seu estatuto de refugiado definitivo e que é o único do grupo de 30 pessoas que ainda se encontra em Portugal.

“Temos tido conhecimento de algumas situações como esta que nos revelam que não se está a dar a resposta mínima necessária a pessoas que fugiram de uma situação muito complexa e precária. Se essas pessoas não estão a ver os seus problemas resolvidos é porque alguma coisa está a correr mal“, salienta Pureza ao diário.

De acordo com a informação recolhida pelo DN junto das autoridades responsáveis, dos cerca de 1.500 refugiados recolocados no nosso país, 820 abandonaram o programa e a maioria está em “paradeiro desconhecido”, o que equivale a 54% do total.

Por sua vez, o Ministério da Administração Interna não confirma estes números, afirmando que “a taxa de abandono, semelhante à verificada noutros países, é de cerca de 40%” e que, entretanto, 79 já regressaram e 300 já foram localizados noutros países.

Na semana passada, Eduardo Cabrita manifestou a disponibilidade de Portugal receber mais 1.010 refugiados, uma situação que motiva a preocupação de algumas figuras socialistas e que questionam se o programa de acolhimento não devia ser alterado.

Caso disso é a eurodeputada Ana Gomes, que tem acompanhado de perto o processo de recolocação e que conhece “outros casos de refugiados que, tal como o yazidi que entrou em greve de fome, têm tido tremendas dificuldades na sua integração“.

A socialista dirige críticas ao SEF, que “apesar da falta de recursos não tem demonstrado boa vontade”, e também a “alguns corporativismos de entidades, como universidades ou ordens profissionais que dificultam o reconhecimento de habilitações que são fundamentais para estas pessoas terem emprego”, diz ao jornal.

“Será muito mau para Portugal se, não obstante a disponibilidade política, para receber mais refugiados, de uma forma sistemática a taxa de movimentos secundários (abandonos) for tão elevada, revelando que qualquer coisa está a correr francamente mal na nossa metodologia. Acaba por se voltar contra nós “.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.