Biden admite ação militar caso Irão produza armas nucleares. “NATO do Médio Oriente” em cima da mesa

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jlhervàs / Flickr

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden

O Presidente dos Estados Unidos referiu quarta-feira que continua comprometido com a reativação do acordo nuclear com o Irão e que não descarta uma ação militar como “último recurso”, caso Teerão continue a avançar para a arma nuclear.

Joe Biden falava a uma televisão de Israel, numa entrevista transmitida logo após a sua chegada aquele país na quarta-feira, no início de uma viagem ao Médio Oriente que terá também paragem na Arábia Saudita.

Israel, um forte opositor do acordo nuclear com o Irão de 2015, saudou a decisão do anterior presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retirou unilateralmente o país do acordo, levando ao desmoronamento deste.

O atual chefe de Estado norte-americano considerou esta decisão um “erro gigantesco”, apontando que o Irão acelerou o seu programa nuclear desde a retirada dos EUA do acordo.

“Eles estão mais perto de uma arma nuclear atualmente do que antes”, lembrou.

O Irão insiste que o seu programa é para fins pacíficos, embora especialistas da ONU e agências de inteligência ocidentais digam que o Irão tinha um programa nuclear militar organizado até 2003.

O acordo nuclear suspendeu as sanções ao Irão em troca de limites estritos e monitorização das suas atividades nucleares. Biden reiterou que os EUA não permitiriam que o Irão obtivesse uma arma nuclear e disse que usaria a força militar como “último recurso”.

No entanto, recusou-se a comentar sobre qualquer discussão com Israel sobre o uso de força militar contra o Irão.

Na mesma entrevista, Joe Biden garantiu que irá trabalhar com quem for eleito como o próximo primeiro-ministro de Israel, até mesmo com Benjamin Netanyahu, com quem teve relações tensas.

“Estamos comprometidos com o Estado, não com um líder individual”, vincou o Presidente norte-americano.

Na entrevista, Biden também descartou alguns parlamentares democratas que se opuseram a fornecer assistência de segurança a Israel, devido ao tratamento dado aos palestinianos.

“Há poucos destes [democratas]. Acho que eles estão errados e a cometer um erro. Israel é uma democracia. Israel é nosso aliado. Israel é um amigo. E não peço desculpas pelo que fornecemos”, atirou.

É a primeira vez que Joe Biden visita o Médio Oriente desde que se tornou Presidente dos Estados Unidos da América e em Israel as discussões vão centrar-se sobretudo no Irão e na relação antagónica entre o Estado judaico e Teerão.

O conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, adiantou que Biden “não fará uma proposta formal sobre o lançamento de uma nova iniciativa de paz” para o conflito israelo-palestiniano, optando antes por “encorajar os lados a encontrarem um caminho ou avançar passo a passo em direção a uma visão que funcione para israelitas e palestinianos e para toda a região como um todo”.

O Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, avisou que a viagem de Biden, que inclui também a Arábia Saudita, não trará segurança a Israel, um país considerado inimigo pela República Islâmica do Irão.

NATO do Médio Oriente

O projeto de uma aliança militar anti-Irão, semelhante à NATO, é também um aspeto central da visita do Presidente norte-americano à Arábia Saudita, na sexta-feira e após uma passagem por Israel, país entusiasta deste projeto.

A confirmação surgiu logo no início do périplo de Biden na tarde de quarta-feira em território israelita, com o primeiro-ministro interino Yair Lapid a considerar de imediato que os EUA e Israel devem restaurar “uma forte coligação mundial” contra o Irão.

Previamente, o ‘site’ iraniano Iran Emrooz (Irão Hoje, em persa) recordava que após a sua deslocação aos Emirados Árabes Unidos (EAU) em 23 de junho, o rei Abdullah II da Jordânia declarou em entrevista ao ‘media’ norte-americano CNBC que o seu país vai apoiar a formação de uma aliança militar, com características semelhantes às da NATO, entre os países aliados do Médio Oriente.

O líder jordano afirmou que seria “um dos primeiros a apoiar o lançamento de uma NATO no Médio Oriente” e sublinhou a necessidade de a aliança se dotar de uma “missão muito, muito clara”, para evitar “confusões”.

A eventualidade desta nova aliança, uma “NATO árabe” como já foi designada, reveste-se de maior significado pela eventualidade de incluir Israel, numa comprovação da reaproximação entre o Estado judaico e diversos vizinhos árabes.

No final de junho, o ministro da Defesa israelita Benny Gantz anunciou que Israel se juntou à Middle East Air Defense Aliance (MEAD), uma rede patrocinada pelos Estados Unidos, mas sem especificar o envolvimento de países árabes.

O projeto de uma “NATO árabe” poderá ser justificado por diversos fatores, em particular o facto de os Estados Unidos, considerados um decisivo “garante de segurança”, estarem a retirar-se progressivamente da região desde há alguns anos.

Os analistas que acompanham a região afirmam na ocasião que uma “aliança defensiva” incluiria certamente os Estados que normalizaram as relações com Israel. Neste sentido, o objetivo também pode consistir na integração do Estado judaico numa aliança militar do Médio Oriente com alguns Estados autocráticos árabes, e tendo sempre como objetivo conter o Irão e aliados.

Um projeto que daria continuidade ao reforço dos laços entre israelitas e vizinhos árabes, iniciados com os designados Acordos de Abraão de 2020 – que englobam os EAU, Bahrein, Sudão e Marrocos – e a consequente “normalização” de relações, mas sem excluir o Egito e a Jordânia, com quem Israel já mantém laços diplomáticos, respetivamente desde 1979 e 1994.

Arábia Saudita, Omã, Qatar e Kuwait também poderão desempenhar uma função nesta aliança em vias de ser delineada, e que contaria certamente com o envolvimento dos Estados Unidos.

A persistência de demasiadas diferenças entre os aliados potenciais deverá comprometer no imediato a formação de uma nova coligação. A nova aliança decerto que se limitará à criação de um sistema coletivo de defesa antiaérea, ao deslocamento de radares e à elaboração de um sistema de alerta na região do Golfo Pérsico. Mas excluindo para já forças terrestres, navais ou aéreas.

A fundação de uma “NATO do Médio Oriente” necessita de posições unânimes. Por exemplo, Israel define de “terrorista” o movimento palestiniano Hamas, enquanto a maioria dos países árabes o consideram um “movimento de resistência”. Os Estados Unidos, a Jordânia e outros países não consideram a Irmandade Muçulmana como uma organização terrorista, ao contrário do Egito, da Arábia Saudita e dos EAU.

Os analistas admitem que, perante este cenário, o Irão procure por todos os meios impedir a concretização desta aliança, e tente encontrar as falhas possíveis no projeto de defesa antiaérea que se perspetiva.

Em termos estritamente geopolíticos, e para além do regime de Teerão, não se prevê que o eventual embrião de uma “NATO do Médio Oriente” – que poderá estender-se a uma “NATO do Pacífico” –, inclua pelo menos no curto prazo países ou entidades árabes como a Argélia, Tunísia, Líbia, Palestina, Síria, Líbano, Iraque, Iémen, ou mesmo as estratégicas Eritreia ou Djibuti. E sem referir a Turquia, um país “não árabe”, como o Irão, e envolvido numa redefinição das suas estratégias na região.

Lusa //

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16 Comments

  1. Atrasado. Coreia do Norte (Israel, Rússia etc) podem ter armas nucleares. Irão não.
    Vou acreditar no senil se primeiro atacar a Coreia do Norte.
    Mas lá não tem óleo. Mas Irão ameaça Israel!
    Mas Coreia do Norte ameaça o mundo inteiro.
    Ah, deixem estar. Nós somos demasiado “intellectuels” para isso.

  2. Sr Biden, vá para casa gozar a sua reforma e se não for muito incomodo e quiser ser algum dia recordado por um bom motivo páre de alimentar guerras e faça alguma coisa pela paz.
    É muito triste ver uma pessoa da 3ª idade; idosos como habitualmente se diz, alimentar ódio e guerra.
    Você já viveu quase até aos 80anos e com a sua atitude de “rei todo poderoso” não pensa nas crianças, jovens e todos os outros que também gostariam de viver em paz. Consegue dormir tranquilo? Espero bem que não!!!!

  3. Como eu sei que há por aqui muitos iluminados com a mania que percebem alguma coisa disto, porque os media que são propriedade de todos estes “senhores”, ou se não o são diretamente estão sob alçada desses dos grandes grupos, vou deixar a minha opinião e que vale aquilo que vale. Se quiserem continuara a creditar na “democracia” e em todas as tretas e fantochadas que vos dão à colherada nos últimos 20 anos, o problema é vosso.

    Todos criticaram Trump, mas a verdade é que sob a alçada do “Trump louco”, as forças militares foram retiradas dos Países que eles mesmo invadiram sob o pretexto de estarem a “defender o mundo”, pela primeira vez a Coreia do Norte parou com ensaios nucleares e estava aberto a negociação, não houve ataques terroristas nem guerras em grande escala. Retirado Trump com uma eleição, essa sim comprovadamente manipulada e com uma história inventada sobre ter causado um ataque ao Capitólio, foi para lá este fantoche, que não vai cá andar muitos anos e que mergulhou os EUA e o mundo numa falésia sem fundo. Hillary queria fazer o mesmo mas perdeu nas urnas, ela mesmo disse ainda nem era presidente e que o primeiro passo seria guerra com o Irão. Enquanto estes “heróis” defendem o mundo o povo paga a fatura e aponta o dedo a quem não é o culpado. A guerra da Ucrânia é o maior exemplo disso e mas se seguiram. Enquanto não abrirem os olhos de uma vez e começarem a ver quem tem a ganhar e quem está realmente a ganhar.

  4. J. Galvao, a fofinha Fa nao deve estar muito atenta a historia, o fofinho Americano desde sempre, isto é, ainda na escola e ja gostava de invadir a privacidade d(a)os outros e era velo d Colt na mão a garimpar terrenos dos outros mesmo que tivesse de derrubar vidas, como alias aconteceu ao provocar a Rússia (quando estavam em manobras, tal como ha dias os fofinhos fizeram conjuntamente com um pais asiático ( assim como com outros ) para quem sabe a preparar se para invadir o Norte) a entrar na Ucrânia e logo iriam ver o que lhes aconteceria , e então começou a oferecer milhões, milhoes, milhoes, mas como durante quinze dias a UE nao estava bem a ver o filme os fofinhos trataram de convencerem alguns outros fofinhos de que as armas eram dos voluntários e nao da NATO, ate que perderam a vergonha e toca a enviar ( sempre a faturar) armas para atirar contra quem ??? imaginem , contra as suas propiás localidades, vilas, cidades, portos, caminhos de ferro, rodoviárias , pontes, pois quem ficou sem nada foram os Ucranianos e nao os fofinhos dadores ( faturando ) de aparelhos de morte, agora é velos a lutar pela partilha das riquesas e pelas obras de reconstruçao daquele Pais subjugado por um ator que ainda se esconde nos bastidores, nao deixando ver os adereços, e abatendo os colegas que lhe possam fazer frente ( ver ultimas noticias de demissão dos seus mais diretos . peçam a PAZ.

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