Biden está a travar uma guerra silenciosa contra a China (e vai ainda mais longe do que Trump)

3

Li Xueren / EPA

Tanto a Casa Branca como o Congresso têm aprovado e preparado várias leis que visam prejudicar a economia chinesa, principalmente a indústria de produção de chips. Esta “agenda da protecção” vai ainda mais longe do que as tarifas impostas por Donald Trump.

Ao longo das últimas décadas, as relações políticas e económicas entre a China e os Estados Unidos estão recheadas de altos e baixos. Há agora mais um capítulo desta história que promete gerar alguma tensão, já que Joe Biden está a avançar com políticas económicas ainda mais duras contra Pequim do que o seu antecessor.

Durante décadas, a China foi sempre encarada como um rival económico em Washington, mas as laços diplomáticos entre os dois países garantiram sempre que se mantivesse uma relação cordial e que as ameaças de uma guerra comercial nunca fossem além das palavras.

Tudo isto mudou quando Donald Trump chegou à Casa Branca em 2016. O então Presidente assumiu abertamente uma posição anti-Pequim e impôs pesadas tarifas sobre as importações de produtos chineses.

Trump argumentou que a China não cumpria as regras estipuladas pela Organização Mundial do Comércio ao roubar patentes, usar subsídios públicos para beneficiar as empresas chinesas no mercado e pressionar os estrangeiros que têm negócios na China a passar a sua tecnologia a parceiros chineses.

Apesar de não ter um discurso tão hostil contra a China, Biden manteve todas as tarifas criadas por Trump e ainda foi mais longe, impondo mais limites às exportações para solo chinês, limitando a quantidade de vistos que são atribuídos e restringindo os fluxos de investimento entre os dois países.

De acordo com o Politico, a administração Biden chama a esta nova estratégia “a agenda da protecção”. Em Outubro, o Departamento do Comércio emitiu novas regras destinadas a diminuir a capacidade das empresas chinesas de fabricar chips avançados para computadores.

Em breve será também criada uma nova autoridade federal inédita dedicada a regular os investimentos dos Estados Unidos na China. Está ainda na gaveta uma ordem executiva que pretende limitar a capacidade das aplicações chinesas, como o TikTok, de recolher dados dos cidadãos norte-americanos.

O Congresso também tem ajudado nesta missão. Há ainda várias outras leis bipartidárias pendentes no Senado e na Câmara dos Representantes que visam atacar a economia chinesa, com mais limites à entrada de capitais americanos na China ou restrições ao TikTok e outras aplicações chinesas que os Estados Unidos suspeitam estar a ser usadas para fins de espionagem.

O recentemente aprovado CHIPS for America Act é mais um capítulo neste conflito comercial. O pacote legislativo ataca directamente a indústria chinesa de produção de chips usando precisamente as mesmas tácticas que a China — financiar a produção de semicondutores com dinheiros públicos e impor limites às exportações.

Tudo isto representa uma postura ainda mais hostil contra a China do que a de Donald Trump. “Estamos a ver uma mudança da maré na forma como eles estão a encarar a relação com a China. A administração Biden vê a inovação chinesa em si como uma ameaça à segurança nacional e isso é um grande salto em relação a onde estávamos antes”, considera Clete Willems, que foi conselheiro da Casa Branca de Trump e ajudou a desenhar as políticas económicas com a China.

Há ainda mais um factor que não pode ser esquecido: Taiwan. A recente escalada de tensão entre a China e Taiwan, com Pequim a aumentar as incursões militares no espaço aéreo da ilha e com Xi Jinping a referir nos seus discursos a sua intensão de reunificar os territórios, tem também arrefecido as relações políticas entre Washington e Pequim.

Biden já anunciou que as forças norte-americanas apoiarão Taiwan caso a China invada o território e Xi Jinping já deixou avisos para o homólogo americano “não brincar com o fogo” e a recente visita ao território por parte de Nancy Pelosi, elevou os ataquesa para um outro nível, com Pequim a ameaçar abater militarmente o avião onde seguia a Presidente da Câmara dos Representantes.

A lista sucessiva de leis que têm sido aprovadas para aniquilar a competição económica chinesa certamente não vão ajudar a aliviar estas tensões.

Adriana Peixoto, ZAP //

3 Comments

  1. Os americanos bem podem estrebuchar com sanções e leis protecionistas contra a China, já perderam o comboio da liderança económica mundial para aquele país.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.