Biden guardou e divulgou documentos classificados no pós-Obama. Tem “má memória”

1

Ron Sachs/EPA

Joe Biden

Presidente dos EUA “reteve e revelou intencionalmente materiais classificados” sobre o Afeganistão enquanto cidadão comum. Relatório aponta para a “memória significativamente limitada” de Joe Biden.

O presidente dos EUA, Joe Biden, reteve e divulgou “intencionalmente” documentos classificados quando era um cidadão sem cargos públicos, informou esta quinta-feira o Departamento de Justiça, que acrescentou que isto não motiva acusações contra ele ou terceiros.

O relatório do procurador especial Robert Hur, divulgado esta quinta-feira, constitui uma avaliação severa da forma como Biden geriu informação governamental sensível, sobre assuntos militares e política externa relativa ao Afeganistão e outros assuntos sensíveis de segurança nacional.

“A nossa investigação apurou que o presidente Biden reteve e revelou intencionalmente materiais classificados, depois da sua vice-presidência, quando se tornou um cidadão comum”, escreveu Hurr.

Entre a documentação encontrada pelos investigadores estão materiais sobre o Afeganistão, que provam a sua oposição à decisão do presidente Barack Obama, de quem Biden era vice-presidente, de enviar mais tropas para o país.

Uma carta escrita à mão que dirigiu a Obama a este propósito é um dos materiais encontrados.

“Estes materiais sustentam a posição de Biden quando os considerou como relacionados com as mais importantes decisões que tomou enquanto vice-presidente”, detalhou-se no relatório.

“Memória significativamente limitada”

O procurador afirmou, no documento emitido no final da investigação, que Joe Biden mostrou uma “memória significativamente limitada” durante os interrogatórios realizados em 2023.

O democrata, de 81 anos tinha, em teoria, motivos para contentamento, depois do procurador especial, nomeado para investigar um caso de má gestão de documentos confidenciais, ter anunciado que não vai processar o Presidente norte-americano, candidato a um segundo mandato.

No entanto, o magistrado fez no relatório comentários politicamente devastadores para o atual chefe de Estado, em campanha contra o ex-Presidente Donald Trump, que há muito ataca Biden precisamente nas suas faculdades mentais e físicas.

De acordo com a agência de notícias France-Presse, Robert Hur argumentou que um júri teria dificuldade em condenar Joe Biden, retratando-o como um “homem mais velho, amigável e bem-intencionado, com má memória”.

Hur garantiu que, durante os interrogatórios, o Presidente esqueceu-se das datas em que foi vice-presidente de Barack Obama e a data da morte de filho mais velho, Beau.

O líder norte-americano disse que a sua memória está em boas condições, numa conferência de imprensa improvisada na Casa Branca, na quinta-feira.

Os advogados do Presidente condenaram veementemente os comentários, que consideraram inadequados, argumentando que “este relatório utiliza uma linguagem altamente depreciativa para descrever o que acontece frequentemente às testemunhas: dificuldade em recordar acontecimentos que aconteceram há anos”.

“Um idoso com má memória não deve ter códigos nucleares”

Os adversários republicanos de Joe Biden também reagiram imediatamente.

“Quando não temos as faculdades necessárias para sermos julgados […], certamente não temos as faculdades necessárias para estar na Sala Oval”, afirmou o líder dos republicanos na Câmara dos Representantes, Mike Johnson.

Um homem idoso com má memória não deve ter os códigos nucleares”, disse Kevin Hern, congressista republicano de Oklahoma.

O médico de Biden, num relatório muito detalhado publicado há um ano, descreveu-o como estando “com boa saúde”.

Numa sondagem recente divulgada pela NBC, 76% dos eleitores inquiridos disseram estar preocupados com a capacidade física e mental de Joe Biden para cumprir um segundo mandato, em comparação com apenas 48% relativamente a Donald Trump.

No Departamento de Justiça há precedentes de acusações criminais contra indivíduos por terem partilhado informação classificada com biógrafos ou autores dos seus discursos, como o general David Petraeus, que de resto se declarou culpado em 2015 e foi condenado a pena suspensa.

ZAP // Lusa

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.