No Benim, há uma start-up que colhe o jacinto-de-água, espécie invasora que destrói a fauna aquática e põe em risco a subsistência dos habitantes, e o transforma numa substância fibrosa que pode ajudar a limpar derrames de petróleo.
Com as suas folhas suculentas e flores violetas, o jacinto-de-água é uma planta aquática que, à primeira vista, parece apenas bonita e inofensiva, mas que, na verdade, é mortal. Esta espécie invasora, introduzida em África no final dos anos 1800, forma largos tapetes em lagos e cursos de água, impedindo que a luz passe e destruindo, assim, ecossistemas.
Com o desaparecimento da fauna aquática, esta planta também coloca em risco a subsistência de muitas pessoas. É por isso que a Green Keeper Africa, uma start-up do Benim fundada em 2014, está a tentar reduzir a propagação desta planta, arrancando-a dos cursos de água e usando-a antes para criar uma substância fibrosa que pode ajudar a limpar derrames de petróleo.
Em declarações à CNN, a diretora comercial Geneviève Yehounme explica que a start-up retira o jacinto-de-água do Lago Nokoué, no sudeste do Benim, onde “é um verdadeiro incómodo para as comunidades locais”, que “dependem sobretudo da pesca”.
A planta também pode agravar as inundações durante a estação das chuvas, ao evitar que o excesso de água flua para os rios e canais de irrigação, e invade as florestas de mangue da região.
Depois de colher a planta, a start-up seca-a e transforma-a numa fibra solta (GKSORB) que pode ser embalada em sacos, almofadas e “meias”. Os produtos são vendidos em kits de emergência que podem ser mantidos num determinado local ou num veículo, sendo capazes de absorver derrames de até 220 litros.
Yehounme conta que várias empresas de petróleo e gás, como a Puma Energy Benin, já compram estes produtos, destacando o facto de serem uma alternativa ecológica aos métodos tradicionais e de funcionarem tanto na terra como na água.
Além disso, a Green Keeper Africa trabalha com um parceiro para recolher o produto usado. As pilhas encharcadas de petróleo são incineradas, com a energia produzida a ser usada para abastecer um forno de cimento local.
Atualmente, a empresa emprega mais de mil pessoas de várias aldeias que ajudam na colheita da planta, 80% das quais são mulheres, destaca Yehoumne. A responsável espera que, à medida que a procura pelo produto aumente, cresça também o impacto ambiental e social da Green Keeper Africa.