O SL Benfica vai abrir uma investigação interna para averiguar eventuais conflitos de interesses durante a presidência de Luís Filipe Vieira.
O clube diz que não pode afirmar nem excluir a “eventual existência no passado de situações de conflito” entre os interesses privados de Luís Filipe Vieira e as suas obrigações no clube.
A Benfica SAD refere que se “encontra a cooperar com as autoridades competentes” e que “prevê dar em breve início a um processo de averiguações internas para, tendo em conta os deveres legais e estatuários vigentes, apurar todas as responsabilidades aplicáveis”.
De acordo com o Correio da Manhã, o Benfica explica ainda que devido “ao segredo de justiça aplicado ao processo (…) não pode, com base nos mesmos, formular juízos a este respeito”.
A abertura de um processo de investigação interna à conduta de Luís Filipe Vieira foi comunicado pelo Conselho de Administração e pelo Conselho Fiscal da SAD do Benfica à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
No comunicado lê-se ainda que os negócios de uma eventual venda de 25% das ações ao empresário norte-americano John Textor “nunca foram mencionados em nenhuma reunião do Conselho de Administração e a Benfica SAD não assumiu qualquer posição contratual em relação a esses negócios”.
A CMVM está a investigar infrações na divulgação de informação ao mercado e de abuso de informação ligadas à Benfica SAD, no âmbito da detenção de Luís Filipe Vieira, anunciou o supervisor a 19 de julho.
O “polícia” da bolsa portuguesa garantiu que vai continuar “a acompanhar a evolução de qualquer aspeto do qual possa resultar a necessidade de prestação de informação adicional ao mercado”, com o objetivo de zelar pela integridade do funcionamento do mercado de capitais, em defesa dos investidores.
Liberdade de Vieira adiada
Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado, SAD do clube e Novo Banco.
O agora ex-presidente do Benfica está em prisão domiciliária até à prestação de uma caução de três milhões de euros e proibido de sair do país, além de estar indiciado por abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal e abuso de informação.
O Ministério Público vai agora pedir um reforço de garantias a Luís Filipe Vieira para a caução de três milhões de euros, com a sua liberdade a ficar adiada, avança a CMTV.
O valor das ações do Benfica, com as quais Vieira quer prestar caução, é questionado pelo Ministério Público devido à sua volatilidade.
Segundo o Ministério Público, o empresário provocou prejuízos ao Novo Banco de, pelo menos, 45,6 milhões de euros, compensados pelo Fundo de Resolução.
No mesmo processo, denominado Cartão Vermelho, foram detidos, para primeiro interrogatório judicial, o seu filho Tiago Vieira, o agente de futebol e advogado Bruno Macedo e o empresário José António dos Santos, todos indiciados por burla, falsificação de documentos, branqueamento de capitais e fraude fiscal.