As autoridades do Bangladesh anunciaram no domingo o arranque da construção de valas e vedações à volta dos campos de refugiados rohingya, no sudeste do país, apesar das críticas de ativistas.
Os muçulmanos rohingyas são uma minoria perseguida de Mianmar (antiga Birmânia), que tem procurado refúgio em campos no Bangladesh, nos últimos anos, para fugir à violência, sendo acolhidos em campos protegidos e delimitados.
Em setembro, o Governo do Bangladesh anunciou o lançamento de um projeto de construção de valas e de vedações à volta dos campos, alegando razões de segurança dos rohingya. Contudo, grupos de ativistas acusam as autoridades de estarem a tentar dificultar a movimentação dos refugiados, impedindo-os de se movimentar pelo país, criticando o plano de valas e vedações cuja construção foi este domingo anunciada oficialmente.
“Ainda falta construir os pilares e erguê-los, trazer o arame farpado e coloca-lo. Mas o trabalho já começou”, disse Aziz Ahmed, general do exército do Bangladesh, numa conferência de Imprensa.
A ordem foi dada diretamente pelo primeiro-ministro, Sheikh Hasina, e este domingo, o ministro do Interior, Asaduzzaman Khan, explicou que o objetivo é “manter a lei e a ordem nos campos, bem como manter a sua segurança”.
A medida vai afetar os mais de 900 mil rohingya que vivem em campos de refugiados no sudeste do Bangladesh, incluindo cerca de 745 mil que fugiram do surto de violência em Mianmar, em agosto de 2017.
Várias organizações humanitárias, nomeadamente a Human Rights Watch (HRW), já condenaram a construção destas valas e vedações, acusando as autoridades do Bangladesh de estarem a “restringir a liberdade de circulação” dos refugiados.
“O primeiro-ministro, Sheikh Hasina, abriu as fronteiras do Bangladesh aos refugiados rohingya que fogem das atrocidades em Mianmar, mas agora parece querer transformar os campos em prisões ao ar livre”, disse o diretor da HRW para a Ásia, Brad Adams.
O êxodo dos rohingya acelerou quando, em 2017, um grupo rebelde da comunidade muçulmana lançou uma série de ataques a postos do Governo de Mianmar, no oeste do país, o que causou uma resposta desproporcional do exército.
Um relatório da ONU apresentado em agosto passado condenou a operação militar, considerando ter provocado o “genocídio” dos rohingya e denunciando a existência de “crimes de guerra e contra a humanidade”.
// Lusa