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“Bancarrota moral”. OMS condena desvalorização da morte de idosos por covid-19

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Jean-Christophe Bott / EPA

Diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) condenou esta segunda-feira a desvalorização da morte de idosos por covid-19, considerando o falecimento dos mais velhos “uma bancarrota moral”.

Tedros Adhanom Ghebreyesus falava na habitual videoconferência de imprensa transmitida da sede da OMS, em Genebra, na Suíça. “A morte dos nossos idosos é uma bancarrota moral”, afirmou, enfatizando que “aceitar que a morte dos idosos não é tão importante é a maior baixeza moral”. “Não podemos permiti-lo, temos que cuidar uns dos outros”.

O dirigente da OMS recordou ainda, para os que minimizam os efeitos da pandemia e saem à rua em protesto contra as restrições e sem proteção, que o coronavírus que causa a doença respiratória covid-19 “é real, muito perigoso, tem bastante capacidade de propagação e é letal”. “Temos de fazer tudo ao nosso alcance para nos protegermos e para protegermos os outros”, acentuou, reiterando o apelo à solidariedade de todos os países para travar a pandemia de covid-19.

Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, será necessário “remar na mesma direção para pôr fim a este vírus fatídico”. O “equilíbrio” entre a reabertura das economias e a proteção da saúde, ainda que “frágil, é possível”.

Para o diretor-geral da OMS, se o risco de transmissão do vírus “é elevado”, o “melhor é evitar eventos de massa”. Deu como exemplo os jogos de futebol, que, no seu entender, devem continuar a disputar-se nos estádios à porta fechada.

Cautela no uso de emergência de vacinas

Também nesta segunda-feira, a OMS pediu cautela no uso de emergência de vacinas contra a covid-19, recordando que têm de possuir uma eficácia mínima de 30 por cento.

Segundo a cientista-chefe da OMS, Soumya Swaminathan, o uso de emergência de uma vacina tem de ser ponderado “com cautela” e “caso a caso”, tendo em conta a sua eficácia e segurança. Soumya Swaminathan falava na habitual videoconferência de imprensa transmitida da sede da OMS, em Genebra, na Suíça.

De acordo com a responsável, “a aprovação prematura de uma vacina”, sem todos os estudos adequados finalizados, pode implicar que essa vacina tenha “baixa eficácia, não funcione ou tenha um perfil de segurança inaceitável”.

A cientista-chefe da Organização Mundial de Saúde recordou que uma vacina para a covid-19 terá de possuir uma “eficácia mínima” de 30%. “Idealmente, não queremos que uma vacina com menos de 30% de eficácia seja aprovada”, frisou.

A OMS está a trabalhar em conjunto com especialistas sobre os critérios de segurança e eficácia para aprovação de uma vacina para a covid-19.

Justificando a importância dos resultados de eficácia e segurança dos ensaios clínicos de vacinas experimentais, o diretor-executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, Mike Ryan, advertiu para o risco de se “negligenciar alguns efeitos adversos” se se começar a vacinar milhões de pessoas “muito rapidamente”.

A pandemia da covid-19 já provocou pelo menos 847.071 mortos e infetou mais de 25,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP. Em Portugal, morreram 1.822 pessoas das 58.012 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A covid-19 é causada por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

ZAP // Lusa

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